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14 de março de 2012

Alento

Arrastei o corpo até aqui, desde o ônibus vim com esse pensamento. Me arrastar até aqui para desaguar e desarmar toda a minha dor. Em volta, um deserto pleno, e eu que sempre gostei de água, me vi presa dentro desse corpo, dessas necessidades singulares e incompreensíveis para aqueles que ainda conto. Terra seca, e eu também sempre gostei do campo...

Pergunto à moça que reflete a cara no vidro da porta do Vargem Grande, "será que não está querendo demais?" Essa sou eu, que me escorro um pouco. O moço da frente, que parece pai de família puxou minha bolsa para segurar, acho que por complacência ao que meu ser pede. Alento.

As paredes, eu me pergunto até quando elas existirão entre eu e os Meus, meus medos, minhas neuras. Meu passado latente, dia a dia quando olho nos olhos dos que não me veem. Decreto mais uma emenda ao meu ser, renovo e reelejo a necessidade de paz. Afirmo, em primeira pessoa que "revolução legítima é aquela que não deixa escorrer sangue".

Questiono sobre o caminho que meus pés trilharão, sento comigo aqui. Lembro que observei o céu enquanto a lua se escondia. O clarão dela se escondia, mas eu sabia que estava lá. Então não via a lua, mas eu entrei pra cá sabendo, ela estava lá para iluminar a noite da minha cidade, tão seca e triste hoje.

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