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10 de março de 2012

Bem-entendidos

Caminhar. É importante caminhar, olhar para os pés, onde eles pisam, atentar-se caso sintam dor, caso estejam feridos. É importante deixar a sua mesa posta, para uma refeição solitária, para anotar suas dúvidas, revisá-las. É importante repensar, também importante é não ter certeza.

Quem não tem certeza sente sede, sente fome, tem necessidade. Procura, é achado, é navegante. Porta aberta para o novo. É mais que si, é uma molécula de um todo real que também busca esclarecer dúvidas: o mundo real e concreto!

É bom mergulhar a cabeça inteira, os ombros, os braços e as mãos (sem reserva). É bom se perder e continuar perdido. O todo não é elemento existente nesse universo, nesse plano. O todo é uma bela fantasia comestível que as gentes provam para se vestirem, para não aparecerem nuas.

É bom estar nu, ver outros corpos nus, outras almas sem cortinas que não escondem medos. Porque estar perdido é estar vendo a sua real condição, sem necessidade de fantasias vãs. É ter necessidade e saber pedir ajuda, é dar ajuda por vontade imediata. Pra quem duvida não tem depois, não calcula lucros, não premedita ganhos.

É raro achar um perdido, é cenário da atualidade ser um bem-entendido, com frases claras que perfuram os peitos, com dinheiro no bolso forjando truques. É cenário atual.

Que se preservem os perdidos
que eles se encontrem dispersos nas esquinas
chorando nas praças abandonas
ou rindo, cobertos de fumaça.

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