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26 de maio de 2012

Revirar

Lembro apenas da cozinha apertada, menos de três metros entre um móvel e outro; mesa, armário e geladeira deixavam todos unidos na hora do almoço. Na pia, um cesto de lixo bem pequeno, um escorredor bem antigo de aço e algumas escumadeiras penduradas. Me entristece esquecer a cor do cesto, vivia a lavá-lo entre conversar, risos, lamentos e conselhos.

Aquele azulejo antigo, fazia-me sentir em uma casa que habitava desde pequena. O tapete da sala, a bela cortina lilás e as banquetinhas especiais para as crianças que vinham. E a mesinha azul? A proteção atrás das portas para que não batessem, as fotos na estante, os sofás sempre forrados com cochas de cores sortidas, muitas almofadas e tapetes pequenos na beira do fogão...

Pela manhã, a gente gostava de sentar na cadeira perto do refrigerador, comer torrada com geleia ou pão de forma bem dourado na torradeira (também antiga). No banheiro, uma escova verde, só minha, e o sabonete facial que  eu também usava. Tinha um esquema para o chuveiro funcionar, me lembro de tantas vezes que precisei de ajuda para que ele funcionasse... A memória me revira.

É indescritível o acolhimento que me prepararam, e hoje eu lembro do gosto que tinha. Com direito a panqueca de frango e macarrão, torta de limão e nenhum olhar opressor sob mim; alguma bronca pelo horário, mas só. Deus (a bondade) me deu essa recordação, que com tanto carinho guardo, e com tanto amor hoje, relembro.

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