As grandes pequenas roupas que marcaram a infância foram a jardineira jeans com letras coloridas do alfabeto e o vestidinho branco abaixo do joelho, estampado com várias vaquinhas. Na jardineira, apenas as três primeiras letras; no vestido, somente o cheiro de novo (que parecia não sair nunca) incomodava.
Algum comportamento inadequado, alguma curiosidade e alguma outra traquinagem que preferiam não comentar. A patinar na rua esburacada, a escrever para pessoas queridas. A viagem para ver a família, o pai e os irmãos-não-irmãos. O caos, a alegria que não se diz. A memória que não se apresenta na linha do tempo: a infância que não se distingue da adolescência, que não se assemelha ou aproxima da puberdade. Abismos entre a lembrança de uma história e outra. Em algum lugar, a memória concreta guarda essa tal infância intocada. Com motivos não ditos, hoje, não fatos.
Personagens que não se vê, eles se narram entre um silêncio e outro do cenário que aprisiona o viver da época da jardineira e do vestidinho mal cheiroso com estampas de vaquinhas. O tempo que passou, as botinhas marrons substituíram as sandálias de plástico, sandálias que nunca deram espaço a um bamba. Um dia, o plástico voltou aos pés, se confundindo no tempo de hoje pelo passado: em confusão.
Nenhum comentário:
Postar um comentário