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4 de janeiro de 2012

Por cantos solitários, sozinhos estamos em tudo que é doce ou amargo de nós

Impressiona. Como o amor pode ser coisa tão solitária? A gratidão, a esperança e até mesmo os sonhos. É como se, ao surgirem, dentro do homem todo o resto fosse isolado, como triste e esquálida condição humana.

Os sentimentos são como práticas sensações que rápidas e constantes ingerimos e digerimos com a mistura que acompanham a mesa: a realidade.

É tão rápida e impossível, que a poesia dá sono; a rima curta demais para ser poema. Incutimos a praticidade, a precisão, a necessidade fútil e vendida de não poder, em hipótese nenhuma, errar. Mas os sonhos são altos demais, quase movediços, trapaceiras demais. O canto, a cena, a declamação: descartáveis.

Alguns sopram seus versos, que por baixo custo, passam por um ouvido e outro, vazando amor por debaixo da porta. Mas é fraco demais, é contido demais pra quem vive em outro tom, pra quem o dom é não ser cruel com o mundo, mas pelo mudo ser cruel a si mesmo.

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