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4 de fevereiro de 2012

É como entornar a taça de vinho em minha roupa limpa, e como sempre faço, esfrego uma parte na outra para tirar o excesso. Não importa que eu esteja suja, só para prevenir uma eterna e futura mancha. Mas era tão bom brincar de manchar as paredes da taça e fingir que derramaria aquele coágulo pra fora do recipiente de vidro.

Depois de derramar o vinho, derramei a taça e terminei, sem querer terminar... Terminei a taça em cacos sobre mim, sobre minha roupa limpa. Fui tirar os cacos, cortei um dedo, cortei a pontinha do indica-dor e quando vi, minha palma era toda sangue. O sangue cheirava bem e não manchou a parede branca do comodo que não era meu. Sujou só em mim, e cortou só em mim.

E ali eu fiquei, encolhida de vergonha. Com a dor de ter o vinho misturado com sangue, e cacos, muitos cacos. Fora de mim, um sonho grande suicida se decompõe, e me decompõe junto também. E junto, nada mais. Nem os cacos, nem os cacos, os cacos, e nem, cacos, nem, cacos. Nem.

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