Sinto que é tempo, escrevo aqui na 1ª pessoa para imprimir nesse post o início de tudo, simplesmente a primeira vez que direciono minhas energias todas e meus pensamentos para essa escolha norteadora que começo a planejar, especular.
Enquanto eu os via cantando numa ginga diferente da minha, da rima forte e rápida, do som estourando com os meus ouvidos e com a minha sensibilidade ridícula que nem eu, de casco grosso, fazia sentido ter. Eu tinha sensibilidade, e foi com a dureza das letras, tal qual a realidade que observo na rua, que aquela mesma ridícula sensibilidade foi se refinando.
O rap é a válvula, um caminho, uma forma x, não "para" periferia, mas "da" periferia. Pensando nas injustiças, da discriminação falada ou de um sonho; na minha rima e na minha ginga eu me resolvo. Inspiro um poder que sempre foi meu, mas que esteve o tempo todo preso dentro de alguma veia entupida. Varizes que vou drenar!
Quero drenar as varizes, ELES o fazem quando impulsionam os braços. ELES ardem ali, falando do bairro deles, falando do sonho deles, da luta deles contra o resto do mundo. À margem, os marginais. Sem perceber, sem pretensão, ELES tornaram-se NÓS!
Quando cantamos "Eu tenho orgulho da minha cor, do meu cabelo e do meu nariz...", também estou dizendo "Eu sou, gosto de ser, e não vai ser uma pirâmide que um estranho impôs no jornal ou qualquer canto, mais visível que meu canto, que fará eu reprovar a mim...". E segue!
Começou em um show de rap, em que eu me tornei nós. Espontaneamente, eu senti prazer! Aquilo que via era a arte que durante meus curtos 20 anos de vida tentava nomear. Foi o que derrubou ao som daquela batida meus esteriótipos. Eu decodificava tudo em poesia dentro de mim, quando surgiu a ideia de falar da poesia.
Que eu tenha fé naquilo que me sustém, naquilo que sou e 95% das pessoas não sabem que sou. A poesia, a palavra serão sempre meu verdadeiro clichê, meu esconderijo, minha verdade. Sempre foi assim. Que eu saiba extrair daqui pra frente o que eu mesma filtrei, e saiba ainda mostrar ao mundo, aos meus orientadores, aos meus próprios demônios pessimistas. Não me negarei, não terei medo. Aqui nasce meu trabalho de conclusão de curso, e já tenho meus primeiros incentivos!!!
"Tema ridículo"
E lá vou eu!
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