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30 de dezembro de 2011

Deitei toda palavra, toda rima e todo verso doce sobre sua fina pele. Dei o que havia de mim o último que podia dar: dei meu silêncio. Olho tudo como quem conta finas linhas com os olhos, te gravo, me gravo. Valso uma, valso duas, valso inúmeros passos. Precisa dizer que é bom? Sinto um colo quente que me acolhe, braços curtos que me cercam, me acalmam. É a mais linda forma de delírio, é nós nesse lindo nó. (24 nov)

Em madrugada de sonhar com mar e sol, manchando toda a extensão de água que meus olhos filtravam, gota à gota, começo o abrir sulcos na cinzenta pele que alguém assim me concedeu. Paira no ar um cheiro de mato, de grama molhada. Deixo rolar de mim a água que rega a plantação de sonhos, colhendo de tudo um pouco, tudo um pouco, um pouco.

26 de dezembro de 2011

Poesia

Enquanto o mundo ruía, poesia
Enquanto as paredes esfarelavam, poesia
Enquanto gritavam, poesia
Enquanto dor, enquanto morte: poesia

Enquanto enquanto houver, teremos além daqui. Além desse todo confuso e doloroso. Poesia!

21 de dezembro de 2011

Quebrando sonhos
como quando abrimos os anéis de uma forte corrente
que era eu,
que chamava de alma.
Meu espírito dissonante,
se assusta com a agressividade,
com a dura realidade
que eles, contentes,
pintam em suas faxadas.

14 de dezembro de 2011

Catalisadores, por favor? Alguém capaz de alguma coisa, qualquer coisa?

Predileção, derretimento, dialética do oprimido, tensão! Algum outro contraponto?

Vertigem, catarse, metabolismo. Energias esgotadas e ainda se fala de amor, de sonho? Vegetação de mata virgem, de trilha à milhas de vida.

Por onde caminham os anjos? Ainda existirão? Vendem o restantes dos restos resultados num barbante que pendura folhas e linhas preenchidas com palavras.

Grande, homericamente deslumbrante. Onde andará a pequinez de quando santo, de quando virgem, de quando não amava?

13 de dezembro de 2011

Catarse

Não ligo que queime
Não ligo que cheire, que beba...

Há tempos não me incomodo com o que lhe permite a paz
Você precisa, meu bem!

"Realidade demais para realidade"
enquanto a chuva cai lá fora, aqui dentro você se aquece

Esse mundo, nessa loucura, é rápido demais
e vai e vem, a gente nem percebe

8 de dezembro de 2011

Rio que corre pelo rosto, maré. Existe sobre as pálpebras, peso estranho de choro, é ardência de um desejo miserável de tão grande e doce e melado.

As mãos, presas em cordões incondenáveis (palavra não existe). São leves de tão chocadas, são nuvens que assombram pedras, que carregam sonhos abortados.

Por que tão pouco, é surrealmente, inconfortável? Deveria ser assim?

Nesse quintal, os personagens são covardes demais, demais para os medos, para os sonhos, para própria coragem.

As linhas sem nexo não acalmam o surto. 220 kilowatts . O útero trinca. É mulher virgem de amor que segue com seu corpo sem rumo, com choro e sem nenhum afago.

mais um canto

O ar estava calmo, completamente parado. Enquanto ela tirava de si o cansaço do dia, margarida lhe vinha. O tempo que passou não importa, não nascem flores em terras inférteis. Fato!

Acontece que num determinado momento, essas mesmas palavras lhe vinham na cabeça, enquanto se via tamanha dissimulação e "maucaratismo" genuíno da secura de fora de si, de fora da sua ebulição, erupção.

A bondade lhe sussurrava na orelha o tom de respiração leve, de quem pede paz. Tudo vestido e inferno, sem calma, sem amor e a bondade pregando paz.

A bondade (que aqui lhe faz lembrar miséria) tocava as orelhas, como quando só é possível enquanto um corpo A se embrenha num corpo B. Era lindo, era pura bondade, mas sem ___...

As almas eram assistidas: incapazes e intocáveis. Lembrara da última vez, que o vazio fora suprimido no "aperto" do qual ousaram subentender como abraço. Era na verdade, a violenta bondade, sua outra face que dizia "não me toque, não me afague".

E foi assim, que caminhões de areia caíram sobre o broto dela. Terras inférteis descarregaram suas pragas para finalmente dizerem fim.

mais um canto