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29 de julho de 2011

Um conto pornográfico

Pena que nosso conservadorismo prenda nossos contos pornográficos aos amigos mais íntimos, os que já sabemos INCENSURÁVEIS... Um dia publicarei um dos meus, porque é óbvio que todos tem o seu (ou os seus), alguns presos na mente, outros na gaveta...

28 de julho de 2011

Emendo de palavras

o
mínimo
máximo
de
comunicação
dentro
dessa
caixa
sou
pedra
enraizada
arraigada
a
um
silêncio
pobre
sem
nenhuma
beleza
naquilo
que
é

27 de julho de 2011

Enquanto se observava hoje pela manhã, pelas últimas 20 horas de corpo e mente ativa... Se viu diferente, como viu também todos os móveis e todas as paredes diferentes. Estava muda, não falava; depois de reparar o silêncio se viu de fora pra dentro olhando para tudo tão confuso, como era atordoante a mente da personagem que usava em vida, sendo eletrocutada diversas vezes e ainda sim, muda! Ela se reconheceu como um canto, um canto no sentido "espaço, ocupação"; inabitada! Por nada e por ninguém, um choque seco, frio e calado a olhar a vida.
Eram 9:30 quando ela viu aquele céu lindo, e ela triste. O sabia lindo mas não o sentia como sempre foi; intocado (por ela)!
Hoje ela era só mais um canto, no sentido "espaço, ocupação"... Porque inúmeras vezes a gente para a olhar a vida e não entende nenhum motivo e não encontra nenhum sentido. É tempo de recolhimento, de observação e rascunhos; tempo de re-desmontar blocos para reorganizar cômodos, para reviver alma e re-habitar vida.

25 de julho de 2011

Pessoas

Quando você atravessar a rua, olhe o outro lado; por você, por mais ninguém. Parece o início de um ridículo discurso narcisista, mas não será... Em alguma hora você olha para fora do teu corpo, para acusar um outro corpo ou para se apoiar em outro corpo. Vejam mais do que sua vista alta vê hoje, veja que você é mais um.
Veja que muitos -de tanto pensarem em si só- olham para o outros, pois garantindo no outro e investindo no outro acreditam estarem vivendo para si. Creio que não seja verdade. São pessoas que fazem o contraste da vida alheia de ponte, e acredite, isso está tão perto de cada um de nós que somos humanos que nem o discurso mais fantástico, ou o filme mais realista me faria pensar o contrário.
Sabe o que é ter a necessidade de ter mais, de ser mais, de aproveitar mais? Sabes? Queres? E como buscas? Em algo, em alguém de alguma forma! Uns de maneira mais honesta, outros menos; somos um todo em que cada um se prende à um pedaço-corpo, à uma felicidade-outra, uma fé-outra. Esse é o desenho colorido para quem tem medo e busca inebriar-se no desespero ou bote salva-vidas alheio. Tem outros, milhares de outros que não querem nada além de apagar um outro que ficou pra traz, mas que mexe na poeira de lá de traz... Existem tantos, acho que nem se percebem existentes!
A nossa realidade não é um filme de terror, mas também não é um conto de felicidade. É importante observarmos o que cruza nossa estrada; as pessoas, os sentimentos mais diversos, nossos atos. Essas palavras hoje tão confusas, no futuro podem fazer mais sentido; para os mais "íntimos" farão algum sentido -não sei-, mas também já não tenho medo de saber!
Viver tem sido entender que nem tudo faz sentido agora, que algumas coisas irão para o lugar, outras não irão e outras nem saberão seu lugar... Pensar por aqui é tão bom quanto sentar no bar e conversar com uma amiga enquanto toca música boa. Estamos presos na prática diária: a minha pode ser essa, a sua pode ser qualquer outra... A tentativa inconsciente de não-rotina pode tornar-se a rotina mais descarada na vida de uma pessoa! Essa sensação de agora diz que foi dito o que era para dizer: à mim mesma e a qualquer outra pessoa que tenha a curiosidade, porque nessa vida ninguém é inerte de nada, passamos o tempo todo saciando as nossas vontades. Saciada a minha fora!

*1° depois de Como esquecer

23 de julho de 2011

Da mãe...

Na cabeça dela, o que deve passar agora? Com certeza deve estar a sentir-se um fracasso, porque não foi nada disso que planejou nos últimos 18 anos de sua vida de 41! Está um silêncio aqui, fico a lembrar da cabeça baixa quando saiu ; muito que falava -e repetiu várias vezes- era para não esquecer as portas e janelas abertas. Estava incomodada, eu sei... Como se ela tivesse tirando os grilhões, e que sua ida significava claramente em nossa feição a promessa silenciosa de paz. Até os vizinhos mais íntimos olhavam e sorriam em tom de ironia. De repente doeu novamente, era como se ela estivesse saindo perdida mundo a fora, sem calçadas ou canteiros... "É preciso ir pra poder voltar". Sim, é preciso pra encontrar o eixo certo, localizar o norte e se deixar guiar pelo amor; assumir por si seus erros... Cada um reconhecerá o seu, enquanto isso deixo uma janelona aberta pra mulher que me ensinou muita coisa que eu posso ou não ser, sendo simplesmente ela: confusa, tranqueira, e acima de tudo aquilo que nunca terei como mudar, sendo minha mãe.

Te amo.

22 de julho de 2011

Casa que fica vazia...

é casa que pede móveis novos, mobília de sonhos novos! É espaço livre para uma nova fase, uma nova etapa que começa com paredes pedindo três mãos de tinta... Somos quatro, o que garante tudo muito bem executado.
Somos hoje inteira esperança, já que agora garantimos um espaço livre em nossas vidas sempre tão espremidas. Agora tudo está mais leve (e mais bagunçado também, porque...)

Saem quatro, entra dois + dois = 4 mais felizes

20 de julho de 2011

Para aquilo que inspira confiança...

Um abraço forte, palavras doces e todo tipo de cuidado que és capaz de dar! Aproveitando minha pequena capacidade de amar: todo meu carinho pra quem me inspira vida em tempos de encruzilhada.
Gosto das neuróticas, das esquisitas e das mais bonitas (é claro). Engraçado que às vezes basta uma afirmação com a cabeça e tudo fica perfeito... Agora me sinto menos sozinha, bem menos desde o último post

:)

Meu bauzinho :)

É através desse universo que venho tentando salvar o resto que eles tem deixado de mim, um amontoado de pó cristalino, como cacos de algo que era em outro momento valioso - a minha paz!
Todos sabem o que tenho plantado, poucos sabem o que tenho colhido. Tenho quilos... Decodifico, reduzo tudo a amor. Só tive forças para isso até hoje, criei um sistema que me permite respirar - com certa dificuldade, mas que ainda me permite acreditar no que sou.
Tenho recebido pancadas violentas, de palavras, de descargos alheios, de problemas alheios, de medos e insuficiência de outros; tenho suportado além da minha fraqueza, a fraqueza de outros.
Penso que mesmo morrendo hoje, morreria bem; tentei ser em tudo um pouco sincera, até com os meus demônios tentei a paz, tentei o não-rancor, a não-mágoa, o não-ódio. Tenho tentado, tenho me permitido sangrar só e não carregar ninguém comigo!
Luto com suas fúrias, com suas feras; não tenho tempo de alimentar as minhas, passo o resto do tempo regando um canteiro de flores, na esperança de algo mais doce nesse chão que piso. Como se na linha central do meu corpo houvesse um rasgo, de ponta à ponta... mesmo com tudo e por tudo, ainda tento.
Talvez isso explique o meu extremismo nas coisas, diante dessa minha luta cega, esse meu desespero cego, esse meu refletir, esse meu falar, esse meu amor...
CEGOS!

19 de julho de 2011

Orgulho era o problema dela, mas ela se cura dele e cura a outra também!

Não adianta correr do arraigado, daquilo que mantém seus olhos abertos, daquilo que te faz ser o que é! O tempo amadurece a casca e o orgulho fica em segundo plano, é quando a raíz vira mais que uma veia que suga... É como quando as ondas se unem naquele mar lindo que alguns observam pela manhã, com gosto de esperança. Amadurecem na esperança de ser mais do que hoje e são, deixam de pensar em si para pensar mais nos outros.


17 de julho de 2011

Aquilo que ninguém está vendo

Situações adversas, sempre novas; pesam como tijolos sobre a sua cabeça. Era para você ser um balão, talvez você seja um balão: um balão amarrado à um tijolo áspero e pesado, por isso você não flutua, meu bem.
Realmente, hoje o mundo parece ser olhado de baixo pra cima; você não está numa cadeira baixa, você não está senão presa dentro de si mesma, na gaiola que um dia te falaram, na gaiola que você acreditava ser apenas timidez.
Nada vês, nada crês, já não sente mais! Quando sente um curto segundo, que dura meio, precisa de horas para se recompôr. Ninguém vive bem sendo intenso até no "bom dia" que dá. Quem dá ouro não espera senão ouro de troco, mas acontece que essa cidade está pobre e a praça do seu coração, abandonada.
E a mente confusa, o corpo sedento e as mão nos bolsos... Braços e pernas se cruzam, silêncio e gemido; mente conturbada. Não é possível conviver, não é certo, não é de quem lhe diz! Impulso que te rasga, te leva e depois te mói no último fio. Você escorre como vomito pelo ralo.

Aquilo que ninguém precisa ver!

Somos únicos, solitários no mundo; somos treinados, estamos o tempo todo sob o aguardo de aprovações, mas nunca chegamos a lugar nenhum. A vida é uma roda que gira, rola, quica, voa, desliza de um lado ao outro para lugar nenhum. Por isso, estamos sós o tempo todo, e mesmo quando gritamos para o mundo não existe um único ser que entenda nossa solidão.



A rua sem lua iluminou então seu Caos

Esquinas de gozo
de desejo
Esquinas de amor

És augusta, me gusta
me ilustra
então, me prende

Eles brilhavam
enquanto subiam,
mortos desciam

E na volta
vinham apagados
não mais brilhavam...


Esquinas de gozo
de desejo
Esquinas de amor

És augusta, me gusta
me ilustra
então, me prende

No farol dos carros
olhava
o contraste dos olhos

Quando assim
brutalmente tocavam
se pertenciam



Esquinas de gozo
de desejo
Esquinas de amor

És augusta, me gusta
me ilustra
então, me prende!
A rua sem lua
iluminou então
seu Caos


15 de julho de 2011

Sabe o que é amor?

Sabe o que é amor?
Sabe o que é, amor? ...

Que meus sonhos um dia se tornem realidade, e que certa energia negativa de alguns se torne amor: porque o amor nos torna grandes e bons, sem precisar de palavras ou revoluções!

Amor pra você que passou pra dar uma olhada: curta oração, amor!
Amor, para você amor!

12 de julho de 2011

"Não, deixa!"

Essa foi a última mensagem de Lins quando nada mais fazia sentido, já havia caminhado por todos os canteiros e terrenos; em 24 horas sua mente permitiu que provasse das possibilidade todas que lhe foram especuladas. Primeiro, não por ela, mas por quem lhe chamava lá pra fora... Não inspirava segurança, expirava a necessidade de segurança para o castelinho de cristal trincado.
Lins tinha pouco mais de 20 anos, era pouco mais que uma mulher vestida de interrogações que nunca decifrou, mas que aprendeu a conviver! Um hoje, então mulher que disse não conseguir dividir seu presente com o passado.
Ela sempre diz que ama, nunca acontece certo o amor. Ficava pensando que se odiasse ou negasse à tudo talvez algo finalmente desse certo. Voltou ao passado, lembrou de cada gota expelida enquanto franzia a testa; lembrou do flagelamento de outrora e concluiu que negar-se mais uma vez a si mesmo não daria certo - não seria suportável!
Seu aparelhinho, sem teclas com uma borracha dura que deformava a ponta dos dedos lhe permitiu sair do chão por alguns sms, por alguns minutos. Disse que "o silêncio mata", e como mata os nervos ouriçados que depois de alguns gratuitos 20 torpedos (senão bem mais) sem resposta. Como veria quem está do outro lado desse aparelho tão miúdo, tão barato, tão descartável e tão insuficiente -dizendo do amor de Lins nos conjuntos de palavras enviadas?
Talvez, de tão trincado do outro lado nem entenderia - pensava Lins! Nem Lins sabia, não sabia nem se era anjo ou ninfa -como saberia de qualquer coisa fora de si? Mas de fato, já queria. Tudo aconteceu quando as palavras confirmavam 'o sim'; ora tímidos, ora fragilizados, ora ardentes, ora perturbados... Mas depois de dito para Lins era o mesmo que vestido, compenetrado, incutindo desejos que o próprio título, o próprio sms em negação rejeita.
E como humano (a) que é, por trás do "fake Lins" um anjo ou uma ninfa dorme dizendo não com sim, um misto do querer daquilo que não é seu. E o que sabe? Que não pode pegar aquilo que não é seu...

"Não, deixa!"

(porque você não é minha) - Pensou Lins.

11 de julho de 2011

Um dia seremos capazes de sentir menos do que hoje sentimos

"Ela precisa de um tempo pra si"
pra si um tempo
Aqui, um tempo daqui
de tudo, contudo
uma margem?
uma passagem?
Ela quer contentamento
preencher
Ter, uma certeza entre duas dúvidas
Ela precisa pensar em si
mas não sabe
Mas não tem como, nem onde, nem quem!

10 de julho de 2011

Revolução silenciosa

Acontece, tece, envolve e eclode discretamente pelos poros! Pelos cachos, pelas barras, pelas alças; a busca de um desfecho! Desordenado flui, descontrolado desdobra, desamarra o nó e estica a corda que ata. Dói!
Estreito, relevo de um chão chapiscado, uma parede grafitada com guache branco. Um muro cinza recebendo um soco auto-expressivo, auto-reflexivo, auto-eu. Um rabisco, um risco, um perigo para dois olhos que não planejam nada além de uma boa fotografia que indique "profundidade".
Profundidade, sentir, acreditar e apostar! Plenitude, amplitude, certezas! Um conjunto de passos que consigam garantir a linha do corpo reta: sem remendos, sem ataduras, sem cômodos escuros - sem becos.
De dentro pra fora uma fresta, o corpo busca uma nova linguagem - um novo jeito, novo meio, um novo! A busca começou quando o porta retratos, empoeirado, inocupado, caiu da prateleira em cima da cabeça que ardia em brasas. Por dentro, uma orquestra particular, instrumentos estridentes e desconhecidos... Sentidos a valsar sonhos e segredos de segurança e morte: VIDA! Pede, implora, suplica e bebe (de cada sensação um gole), eis o homem, eis a mulher...
Degustando cada palavra, a mente cede espaço para o querer da alma. Degusta cada palavra, degusta cada palavra... Se ouve, se sente e enfim acontece a tal da revolução.

8 de julho de 2011

Ao meu caro leitor (a) das 3:00am

Meu norte anda um pouco complicado, meu sul e leste não existem; estou sufocando no meu centro fora de órbita!
Acredito que ninguém mais me entenda, ouvi ontem (e hoje) que não devemos esperar nada de ninguém. Será que eu tenho esperado? Acho que você, como silencioso que é deve me entender mais que minhas assíduas companhias... Estou numa zona de conflito que contrasta a realidade de todos que se achegam, sou reagente (está dando para entender?).
Tudo me causa coisas, sensações estranhas; vejo tudo ampliado, duplicado, multiplicado! Tirei minhas roupas do armário, meus calçados, meus porquês; a sacola está pesada para carregar. O peso de nossas escolhas, de minhas escolhas. Pensei um dia que nunca chegaria a escolher nada, mas depois de ler Sartre decidi que não existiria o "meu Muro", existiria só os muros lá de fora - que não meus!
Acho que a loucura vai caindo na normalidade, não quero que isso aconteça! Avalio meu saldo diário quando releio meus sms, é desesperador... Tudo torna à anormalidade, eu nunca estive na linha... Aqui não existe normalidade meu cara leitor, aqui existe só uma mulher tentando abrir e fechar portas... sem direção!

3 de julho de 2011

Alcance

O que pode doer mais que não poder salvar aqueles que estão à beira do penhasco? Chorando, prefiro acreditar que é necessário ela cair, e ver que é humana, que vai doer e vai se rasgar, mas que ainda vai viver (por um minuto depois da queda ao menos), só para ter a certeza de que sim, é humana!
Esteve fora do nosso alcance esses anos todos provar à ela que não poderia "nos salvar" do mundo, que precisávamos furar a bolha que ela nos enfiou; que seria melhor para cada um de nós. E de repente, vemos ela seguindo... Sem se ver tão errada, e acredito que talvez nunca perceba (ou se arrependa) dos erros que cometeu à si mesma. Ela não é feliz, percebemos pela agressividade, pelo desespero que a acompanha desde o momento que pisa o primeiro pé fora da cama para lavar o rosto. Sinto culpa às vezes, penso que minhas palavras podiam ser mais doces com ela, mas não ouve nada doce que venha de mim; parece gostar de me ver "arregalar os olhos". É isso que me diz quando brigamos, que eu "arregalo os olhos", mas também só vê isso, não compreende nenhuma de minhas palavras. Com ela me sinto tão inútil, tão incapaz de mudar qualquer coisa no mundo, porque nem a coisa que eu mais amo nesse mundo pude salvar... Agora vai embora, e o que eu consegui fazer para ajudá-la? Escrever essas úmidas palavras (sabendo que ela nunca vai ler).
Eu vejo o penhasco, tento não deixar minha voz trêmula para que não reparem no meu rosto. Eu vejo ela ir, daqui não sei mais para onde vai, também não sei mais como fico... Tão sem alcance, de nada.

Os sinos tocam...

tem um ritmo, lento num tom bucólico te chamando pra fora; quer lhe dizer que é hora. Dia de festa, você não estará lá... Você não quer, lembra? Lembra que os contos fazem parte da vida real e você também escolheu mudar o enredo...

Os sinos tocam nas bocas dos que cantam o encurtamento das horas, a sua distância e as suas mazelas. Hoje, você ouve os sinos, por quem? Por você ou por eles que os fazem tocar? Os sinos, que avisam que é hora, que é noite, que é puro, que você não está lá - observando ele tocar!
Se estivesse mais feliz não seria você mesma, seria o que eles queriam que você fosse. Vejam-na, sob efeito de não ouví-lo, de não tocá-lo, ou por apenas imaginar o seu ir e vir estridente que ganha tom na mente atordoada...

Crise, é isso que seu som invisível avisa. Existe um espaço oco pedindo para ser preenchido, por flores e versos, mais nada. Existem espaços que a vaidade sem máscaras não preenche. Ela gritou:

"Venham, mascaradas mas venham, para que eu não me rasgue a pele e os ossos; para que eu esteja sobre efeito de algo, para que eu esteja além do que esse que hoje estou. Com nojo do próprio cheiro e do tom do sino maldito que atordoa minha mente, preferia estar surdo a ter que continuar a ouví-lo".

2 de julho de 2011

Deixem-me!

Deem à ela o direito de um grito de liberdade!
Uma porta de saída, uma brecha, uma fresta, um escape!
Deem à ela uma porta, talvez até janela, pois se não ver o mar terá ao menos visto lagoa
Deem à ela um sorriso menos doloroso, um analgésico entorpecente, uma paz ligeira
Deem à ela ou só permitam que ela use e desuse uma vez sua vida, sua própria vida suspensa
[suas neuras plantadas por demônios ditos anjos....
Deixem-na gritar uma vez, rasgar com cacos o sangue pisado dos pés

(deixem-na sangrar)

Permitam que ela toque os cães que lhe dão medo para que ela vença o receio guardado em si, ou deixe ela ser devorada por dentes caninos, mas deixem-na.
Tudo emaranhado em névoa, cachos castanhos hoje com 30 centímetros

Ela, por inteira frágil.
Deixem-na!
Deixem-me!