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29 de dezembro de 2015


Perdoar nossas próprias imperfeiçoes, trabalhar no silêncio e reproduzir só a luz, para a luz. Em ti, tu já te bastas.
Que saibas respirar esse poder de vida que é o teu existir, teu respirar. Haja luz no centro dos teus pensamentos, haja cor nas tuas noites, haja paz nos desafios, haja o deus desperto diante destes olhos.

23 de julho de 2015

Ver.

É doloroso visitar seus esgotos, seus mais profundos buracos, mas ainda sim, como é maravilhoso sair da ignorância de suas obsessões. Sim obsessões, que tantas vezes não parecem mais que cuidado, que personalidade, às vezes até “dom”. Gratidão ao Grande Espírito, a Deus e às medicinas sagradas por iluminar, pela generosidade de apresentar aquilo que é real.

30 de junho de 2015


Construído o castelinho de areia, vento sopra nas flores. E vai nesse tempo ventando a alegria da certeza, a presença, inseto que boia na piscina e a indisposição. Desculpe, Marina, estou indo à praia sozinha dessa vez.
Dando um tempo nos castelos.

24 de junho de 2015

cptm 18:38 - 03/06

Que guerra é essa que vivemos
Soldados em peso
Armados, vestidos de marrom nas paradas.
Que guerra é essa que não vemos?
A todo tempo gente armada.
Mas e eu, sem nenhuma bala?
Mas e nós?
Estação parada.

sagrado feminino

Que festa seja feita com o sangue
O único que não vem da morte ou da guerra.
Vida, festa e purificação.
A lua brilha alta.
Gratidão!

19 de junho de 2015

ciclo.

Tudo passa, Tonho. Passa rápido. Depressa como foguete, brilhando feito um balão. E quando a gente cansa, Tonho, já não dá tempo, passou o ano. Virou o calendário. Um ano que encerrou.

1 de junho de 2015

Claridade

Quem bate à porta não quer mais do que já sabem todos os moradores do condomínio. Deixar entrar. Não quer quem entra, só quer deixar passar e consumir com poeira o chão da sala, o café na toalha da mesa, a cama de hospital (expressão alheia reproduzida sem identificação).

Silenciar, fumacear. Fumacear e beber água, muita água. Escritório de palavras, tetos, pedaços de fixações nos detalhes do canto da casa. A vista abrangente de uma janela que nas noites se trancam de medo.

Spray de cheiro desconhecido para despistar nas frestas. Fumaceado o ar.

Onde colocar meu rosto? Como segurar os dedos, o teto repleto de objetos delicados pendentes? Quantos outros já bateram à esta porta antes desta mais nova chegada? Onde estarão todos dentro daquele claro rosto? Claridade...

Abranda, cutuca, estimula. Ri tanto, transfere o tom, o som, o vento, a brisa. Me consome.
Autocontrole.

30 de janeiro de 2015

Limbo

Eu penso dois, você joga um
Eu rio, você resmunga
Eu falo da beleza do mar, você mergulha e afunda
Eu olho pra lua, você seca e abraça a garrafa.
Eu choro, você ri
Eu falo, você dá as costas
Eu sou eu, você sumiu.

Eu penso dois, você joga um
Eu divido, você reparte e separa
Eu planejo, você toca o barco
Eu me mostro, você muda
Eu atravesso a cidade, você cansa de mim
Enquanto sorrio você fecha a cara.

Sem equilíbrio, meu barco é o que vira e se reparte no mar. As minhas gotas na maré rasa e o meu silêncio.

Você fica, agora sou eu que vou.

*Do peso que já passou.

3 de janeiro de 2015

Tela de rotação ativa, a onda bate e separa no sal os diferentes lados de uma mesma face, eu.
Um mergulho talvez seja um caminho mais oportuno, mais terra, menos onda.
O verde imenso como a colina alta na direção norte do litoral. Será mesmo que assim encontro meu lugar?
Fim de temporada, caminho, distância e consciência.  Talvez exista uma parada logo à frente, talvez essas braçadas que fazem cansar enquanto procuro o fundo da terra renda algum menor absurdo.  Mais ar, menos afogamento.
Por um caminho novo que apenas olhar as ondas baste, onde se aprenda deixar as conchas sem carregá-las pra casa. Que a memória tenha o seu lugar.
Há um grande abismo entre o alcançado e o almejado, mas das vezes que meu pensamento acompanhou meu passo e minha tranquilidade, aprendi que do mar infinito nada físico se carrega pra casa. O mar sempre será o lugar das conchas. Deixe-as todas lá.
De todas as coisas não tenho em nenhuma manhã ou tarde de sol abandonado o que sou. Não tenho me alterado por ócio. Pois enquanto a brisa e o silêncio reinam, descubro que meu verdadeiro ócio é aquele que encontro lá no mais profundo, o resto é sacola plástica atirada no mar - que suja e assusta, mais nada.