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26 de setembro de 2011

desenho de ambiente

Amorfo! Transeuntes que assustada olho por não me cumprimentarem. A luz é baixa, quase azul; não muda parecendo que o responsável técnico esqueceu de sua função.
Parece uma grande avenida; não existem faróis, não me lembro de carros ou prédios. Lembro apensa de faixas de pedestres. Vejo pessoas atravessando o tempo todo como cruzamentos.
Insólito.
Vejo de dentro mas estou de fora, sinto angústia.Meu corpo arde! Não ouço som, não existe cheiro.
Não me vejo, apenas enxergo os outros passantes que atravessam a faixa determinados. Ainda não me vejo.
O tempo é cinza com nuvens que deixam do céu escapar alguns poucos raios. Não tenho minha própria sensação térmica.
Penso se teria eu morrido em alguma rua próxima, mas não, não seria possível. Ninguém ali manifestava sequer uma percepção instintiva do som de ambulância ou alarde.
A sensação é de conhecer todas as pessoas, mas nenhuma delas me reconhece ou me vê... Percebo que não tenho voz, que não tenho forma...
Terei eu morrido? Enlouqueci?
Meu ambiente.


24 de setembro de 2011

Fracasso é quando...

Você não tem nenhuma cerca para se proteger da ignorância alheia
Quando não é possível nenhuma barreira
Quando a dor vira costumeira e não é notada mais!

Mas é também

Quando temos que lembrar o que somos
Quando isso incomoda
Quando te interfere o maltrato alheio...

Texto ridículo, um outro fracasso!
Um estado de hibernação de quem vaga
vagando sem direção num espremido espaço:
Coração e Mente. Suam, tristemente sufocam!

Alma machucada, sensação eterna de fracasso.


10 de setembro de 2011

O que é a vista senão a película da alma?



Tudo era mar, lembro que nadava afundando bem a cabeça. Meus olhos permaneciam abertos sem entender nada, mas uma sensação de contentamento pairava no meu ar.
Lembro que me faltava o ar, estava totalmente submersa me afogando no gosto doce da água de mar.
A água foi cristalizando, perdendo força, solidificando. Eu, que não queria dar nome, vi o insolúvel tomar forma. O insolúvel vi começar a descer à terra enquanto inutilmente tentava segurar.
Foi assim que o mar que eu nadava cristalizou e se quebrou em tantos pedaços que não sei (não consigo, não tenho como) contar. Tiro da minha própria pele umas lascas, já nem dói.
Agora sim os braços estão moles, entendo que existem etapas que se repetem, e repetem e re-repetem para nos "amortecer" de todo o resto. Amadurecendo a gente aprende a sofrer por si mesmo, mais ninguém.
Mesmo que os cristais se quebrem e se espalhem, se os unir no futuro voltam a ser o mar que outrora me fez feliz.

(06/09/11)

6 de setembro de 2011

A Nega

A nega é forte, tem o cabelo duro mais bonito que se vê pelas ruas de São Paulo. A nega faz as unhas e sai aos bares para fazer revolução.

Mãe de si mesma, incapaz de esconder as belezas que Deus lhe deu. A nega é forte e doce, a nega é bruta e doce!

Têm os olhos mais bonitos, os mais molhados, ardentes e sensíveis que já vi. O olhar da nega não se detém nos muros...

A nega fala alto, discute amor, sexo e retrocesso; a nega rega as rosas sem querer o compromisso de amanhã cedo o fazer. Ela não quer colher, a nega na verdade não quer esperar para colher!

A nega não quer muita coisa, sem querer acaba tendo... Do sorriso da moça, o sorriso do moço e as minhas palavras.

A raça da nega é boa, não é preta e não é branca; ela é puramente o alvoroço da vida de hoje, da “filhadaputagem” de ser tudo isso e não querer ser porra nenhuma.

Mas ela é!

3 de setembro de 2011

Ciranda do amor

Essa não é a primeira por aqui, mas o ridículo desabafo seria a única salvação para meu naufrágio. Vejo meus olhos se afundarem numa banheira de hotel, eu choro! A pele arrepia de tanta tristeza, alguém no universo entende? Começo a achar que isto não é uma transição, uma crise talvez; o fato é que os fatos me fatiaram em forma de nitrato de pó de bosta, ou seja: nada do nada!

Essa estúpida brincadeira que eu não aceitei, jogo maldito que caí, tropecei e que alguns chamam de amor. Se falo dessa coisa tão desgraçada, tão inútil, ou melhor, útil para minha degradação. Vejo as minhas barreiras caírem, meu falso estado, minha necessidade de desabafo...

Cretina, repudio a mim mesma, porque caí na dança em que não existe outro jogador, e se exitisse seria mulher como eu, mas o estoque está em falta (os vinhos acabaram).

Mas não nego que estou me cuidando, estou me assistindo. Aos que dizem que sou idiota por não aproveitar as coisas boas, mas a adversa ciranda não se permite ser esquecida.

Dói, sabe o que isso significa? Dói profundamente, ontem mesmo dei uma discreta olhada do 2º andar, lembrei de "DEUS" e tentei me distrair, agora lembro que olhei de novo...

Eu nado sem sair do lugar, meu corpo está cansado! Eu ainda estou tentando nessa ciranda que me entristece quando a correria acalma, vejo o quanto o sangue é bombeado com violência... Amar é isso, aqui na minha casa as coisas estão todas fora do lugar.


Lótus Céu