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8 de novembro de 2013

A poesia de cada um é o que dignifica!

É quando olho em teus quadros e não me vejo, entre seus sorrisos não me encontro, entre os farois da manhã e os da tarde, sou eu quem não está do outro lado da faixa.
Eu que sempre exato baixei a minha guarda, tirei a cortina das janelas, abri as portas, cerrei as fileiras. Eu, que hoje não me vejo, não estou, não me encontro nesse seu mundo doce, nesse seu mundo belo que meus pés pisoteiam nos sonhos.
Mancho suas telas brancas com barro, mancho tudo sem nada colorir.
Eu. Só eu que não carrego o dom de pintar-lhe na cara um quadro feliz.
Eu. Que antes de cansar a ti, cansei a mim.
Eu. Que já me desfaço de tudo, que já não sou ou estou.

Eu. Que mirei de ti as mais pesadas palavras, recolhi como flores, silenciei e fui pra mais perto do que é meu. E vi voar.

15 de outubro de 2013

Chove forte, meu amor não veio dormir em casa.
Penso sobre a vida, e diferente de antes, toda vez que escrevo na primeira pessoa me sinto uma fracassada!
Desde as dissertações do ensino médio, às aulas de redação no jornalismo, escrever na primeira pessoa é assinar o atestado de mediocridade. A verdade é que depois de tanto tempo, essa continua sendo a minha única expressão, diferença apenas que hoje já não estou mais tão confortável como meus "meus" e "eus".

A chuva quando cai no telhado, põe a gente tão pensativo.
Amanhã cedo é dia de médico. Dia de levar os exames e finalmente descobrir se andarei mais 5 ou 10 anos. O tempo não se perdoou, desde a infância meu tempo já estava comprometido com a doença e fragilidade que aos 22 anos seriam os principais entraves das minha felicidade - fora a mente (essa dispensa comentário neste parágrafo aleatório).

Não me estranha Cecília Meireles ser o livro de cabeceira. A cada 10 versos - 10 tipos de despedida. A cada conto uma história trágica. Essa sempre foi a minha autora preferida, até que chegou Eliane Brum - a minha alma com voz e escrita.

Tenho lido tantos textos, e escrito tantos outros, mas nenhum deles sou eu. Esse, por mais patético é meu, para meu consumo, para minha sede, para o meu legado. Meu! A vida precisa ser um pouco nossa.

Relâmpagos a parte. Minha casa parece grande.Meus pesam e não consegui dizer tudo o que precisava.
Parou de chover, acabou o som.


10 de setembro de 2013

Das coisas que nunca terei resposta, o amor e o carinho, a ternura e o afeto cantando em alto e bom som nas manhãs de domingo. Uma velha canção evangélica que agora a noite eu ouvi e lembrei.

18 de agosto de 2013

O caderno e o livro verde

Será porquê e será como que a vida brinca tanto com a gente? No dia e no sonho, a existência dança vestida de viajante que tumultua tudo sem nenhuma função, sem momento de ficar, só partir. Que sentido tem os sonhos, a vida, os velhos personagens?

Só sei agora que conheci um lugar em que o verde era verde bonito, e a água era amarelinha - desbotando a cor das rochas e montanhas que de lá, eu com minha Marília, conseguia ver. Onde foram aqueles dias? Será porquê a vida, essa mistura de tempos e gostos, e sentidos e sonhos?

Será porquê a vida é isso? Essa roda de bicicleta, de pneu de carro que gira até gastar? E só, mais nada? Onde mora, nessa noite estranha, o varal que estende a mim essas respostas? O pingo do cano que não cessa nunca a sensação dos sonhos traiçoeiros que tomam a vida da gente enquanto a existência quer só existir concreta?

Vestindo branco, o abraço do sonho. É essa a inquietação, o grito daqui. Estava viajando, e no meio de tudo, o abraço magro de quem o sonho havia deixado magro. De quem não me deixam falar, de quem iniciou-me o eu a se ver no espelho do mundo, de quem a gratidão me pulsa em momentos como este. Eu silencio, que o silêncio é que nos une.

Talvez aquele relógio no cetro da sala ainda exista para contar de tudo bem mais que os sonhos, as surpresas do empurra-empurra da cptm. O porta-velas vinho, o pote de vidro, a forma de cachorro, o cartão de casamento, o amor-carinho. O caderno e o livro verde.

Talvez, esteja eu com a essência comprometida, mas se não é a dramaticidade que me clama, o silêncio é quem compõe os laços e os nós. Talvez um pouco mais de tempo resolva, acontecem tantas coisas e somente ela me centraliza o sopro, a inquietação.

Já rendeu tanta dor, e hoje é tão bonito aqui dentro. Essa coisa de mundo e vida, que eu dispenso para ter caderno e livro verde na mente, flutuando pensamentos descomprometidos. Dia desses enlouqueço, e de mais lúcido somente esse aqui. /Meu silêncio que tanto amo, agora nos sonhos.