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30 de agosto de 2011

#partiu!

Ao mesmo tempo que tudo vem se partindo no meio, ela também se vai... Em exercício de eterna, ou melhor, plena reflexão! Tudo pede isso, a falta de tempo, a falta de forma (ou forma, como as de bolo). No conflito, na dúvida, na adversidade. Fuga não, pausa para repensar e pôr os móveis no lugar, dessa vez entre uma segunda confusão.... Brasília me aguarda nessa retirada, com frio na barriga e prece: Por ordem, aqui dentro e lá fora!

21 de agosto de 2011

Os dentes rangem, ela está sobrecarregada de silêncio e espasmos: Ela sofre!
Anda balangando a cabeça, se embriagando das pílulas lícitas que matam a alma, mas que permitem-na alienar-se e sustentar a armadura.
Ela sofre condecorando o fracasso do dia de hoje, de não ser capaz de tirar do peito a sensação de incapacidade de se fazer feliz, de roubar de um verso qualquer um fragmento de felicidade.

O grafite falou comigo!


20 de agosto de 2011

Recuar

Instigado pelo livro, o pobre diabo foi crer em suas próprias escolhas.

Caminhou até a porta, abriu-a delicadamente e olhou com vista terna o novo cômodo; pelo ar que corria doce e perfumado. Olhava detalhadamente cada canto, cada papel na parede, cada enfeite dos móveis tentando provar do gosto que o ambiente tinha.
Um longo tempo: fotografou todo pó, o tipo de luz do ambiente, o cheiro e as ações das almas presentes. Ele era um estudioso naquela hora, debruçado sobre o desejo de sua pobre curiosidade.
Com a vista tocava cada superfície, os olhos emaranhados quase molhavam o chão bonito, azulejado como num quarto de mulher. A porta com trinco, a janela sem cortina. A mesa, o armário, o banco e as roupas num canto; falavam de um outro jeito de ser.
Se pudesse, ele comeria cada móvel para entender aquela plenitude, até o ar ele comeria se possível o fosse. A plenitude era simplesmente um novo cômodo existente, ele apreciava o novo! Mas ali, também era morada de outros corpos habitados por milhares de demônios. E a porta com tranca, que no centro da porta trancava o mundo foi "acionado", e ele obrigado fora a sair.
O desejo dele feria, porque desejo fere! O cheiro dele, o olhar que filtrava por inteiro o cômodo e incomodava os demônios (certos, racionais e reservados para si). Instigado pelo livro, e por sua intensidade (talvez do olhar deslumbrado) foi gretado, sem que saiba dizer como ou o porquê além desses especulados.
Hoje o livro instiga-o à recuar, mas sua memória fotográfica e sensitiva o prende. A ordem é "recuar", mas ele não serve seus demônios (certos, racionais e reservados para si).

17 de agosto de 2011

Puta!

Que subiu no carro, no primeiro carro, sem saber se dinheiro haveria de ter ou se dinheiro ainda iria dever.
A puta, que despiu seu amor de si, que transvestiu prazer e fingiu não ver que doía. Que tocou a carne, que viu vagar a alma e de nenhum remorso se serviu.
Puta! Mais que qualquer prostituta; sã, consciente, intolerável. Sem eu, sem deus, um amor ou tom.
Desgraçada puta foste, intrigada não ouvistes a si, ao espírito ou à seu próprio corpo. Puta, que morde o canto dos lábios, os faz sangrar e não os percebe jorrar sobre os pés.
Puta essa, que ao fechar os olhos não vê nada além do que sombra de árvores, chão e terra para se imaginar sendo tragada. Puta! Puta! Puta!
Incapaz de um gesto maior, que se prende no casulo, que preferiu domar sozinha seus demônios e acabar queimar... pelos olhos, pelo peito, pela carne, pelo espírito já morto.
Puta, que morreu, que não foi (e se ficou foi por incapacidade de ir). Não tem morada, tem esconderijo; não tem amor, tem caprichos.
Puta! Que não se vende, que não se põe nem como mercadoria. Puta, que entra em qualquer carro, em qualquer vida... Sem pressa, sem calma, sem culpa por "nada", nada que és.

13 de agosto de 2011

Cortando novas águas

Ferindo ondas, desenhando círculos e tocando o ar
Melindrosamente veio!
Com mão firme, olhar entorpecido, pele úmida e ar doce
Se fez água, invadiu vias, guias, veias...
Veio como imenso mar em pequenino corpo.

4 de agosto de 2011

Profusão

Ao estilo Barroco, em que a mistura acontece em suas vertentes opostas
Não conflitam, se contrapõem: rima num cômodo!
Uma arte recente que torna nosso corpo novelo, um no outro
que ninguém assina e é tão íntima, característica.
Leve, suave e intensa...

Leia-se rápida ou lenta
Se lê, como poesia que é
como pecado, como crime de tanta beleza

Dos opostos nasce o ato
como o encontro das ondas ao mar
tocando levemente a areia
tocando brutalmente a areia...

O som é baixo, ora mudo
perturbador, incontrolável.
O olhar doce, decodificava a atmosfera
já não era inverno...
Estava um tempo novo, mas ninguém dizia nada
atrevimento? Pra que dar nome?

(Uma "Grosseria doce"
Um "Corpo de menina, traços de mulher")

A arte, aquilo que se vive
olhando, tocando sentindo...
É o encontro! É os opostos que se unem
um muito que diz-se um todo, inexplicável!

Ninguém sabe explicar nada
enquanto tudo parece fora do chão
No ar, sentidos flutuam
almas, sonhos, desejos se chocam: Uma trama!

A rima é capaz na profusão...
E no cômodo que habita, o ar que corria mais agitado
doce palpável, chamei de moldura
mesmo sabendo que a arte não precisa dela.





3 de agosto de 2011

Atim!

Desculpa! "Magina"! Pressa! Vinho! Luz! Olhos. Vendo... Dois abertos. Dois fechados. Tv. Intenso. Cheiro. Tato. Para. Gole. Copo... Depois... Garrafa! Gosto. Doce. Cheiro. Tom. Macio. Intenso. Puro. Receio... ZERO! Cachos. Piercing. Tatuagem. Roupas... ZERO! Cócegas... Humor. Poesia. Gosto. Prazer. Espirro. Amanhã... Zero! Tudo. Dois. Um. Mais. Pescoço. Marcas. Manhã. Olhares. Amanhã. Feliz. Depois? Dúvida? Bom... Agora. Ontem? "Sensacional"!

Estive, habitei
ali também...
me habitaram!

Feliz aqui dentro

1 de agosto de 2011

Quando a crença volta a tornar-se um problema...

A palavra está soldada na sua testa, é como se você não tivesse mais escolhas a fazer: é isso e pronto! Enquanto você caminha um número de pessoas te rotula com solda; você pode ir, com dificuldade foge... Quando volta -porque isso também pode, eles te soldam duas, três, quatro vezes
para ter certeza que irá ficar! Uma forma discreta de sufocamento se desenvolve, um pouco mais de solda... Você vai ou fica? De repente, quando você é "predestinado" à escolha o amor deixa de ser genuíno, uma nuvenzinha paira sobre, enegrece. E o que era para ser luz...

À cada Candidato

Não existe uma visão unilateral. A vida é isso, você é isso, não tem jeito. Caminhar ao lado de pessoas progressistas dói mais, você tenta ignorar a angústia interna -algo desesperador para quem lembra de pensar na própria alma.
Existem os dramas cotidianos, variante de pessoa à pessoa; algo como um destino já esboçado que lhe permite compreender porque alguns são tão simples e outros são tão camuflados dentro de si mesmos, perdidos. As peças precisam ser diferentes para que se encaixem, não seria mundo se tudo fosse igual, as perguntas não seriam necessárias e o nosso grande segredo seria o contentamento (já declarado em nossas caras chatas, todas iguais).
Não digas também, bem-aventurado ou coitado, mas é fato que muitos pequenos (ou espremidos por dentro) chegam no forte, mas e o saldo? Sempre haverá alguém selecionando, estaremos sempre sujeitos à aprovações de alguns que podem preferir os candidatos que chegam, que pegam, que tocam, que falam com mais facilidade.
Eles levarão em conta seus olhos fundos, sua mão cortada, seus cabelos maltratados, sua estrada cheia de atalhos, seus recomeços... Bom seria agora um discurso otimista que fizesse desse texto uma ode à esperança, mas quem diz, pensa ou esboça isso sabe que será reprovado. Existe uma realidade que se esconde dos nossos olhos, que vivemos ou em que nos fazemos de cegos progressistas. "A gente vive" e finge não viver, mas tem uma hora que a refração de luz não ajuda e essas muitas palavras emboladas se obrigam a fazer sentido.