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30 de dezembro de 2011

Deitei toda palavra, toda rima e todo verso doce sobre sua fina pele. Dei o que havia de mim o último que podia dar: dei meu silêncio. Olho tudo como quem conta finas linhas com os olhos, te gravo, me gravo. Valso uma, valso duas, valso inúmeros passos. Precisa dizer que é bom? Sinto um colo quente que me acolhe, braços curtos que me cercam, me acalmam. É a mais linda forma de delírio, é nós nesse lindo nó. (24 nov)

Em madrugada de sonhar com mar e sol, manchando toda a extensão de água que meus olhos filtravam, gota à gota, começo o abrir sulcos na cinzenta pele que alguém assim me concedeu. Paira no ar um cheiro de mato, de grama molhada. Deixo rolar de mim a água que rega a plantação de sonhos, colhendo de tudo um pouco, tudo um pouco, um pouco.

26 de dezembro de 2011

Poesia

Enquanto o mundo ruía, poesia
Enquanto as paredes esfarelavam, poesia
Enquanto gritavam, poesia
Enquanto dor, enquanto morte: poesia

Enquanto enquanto houver, teremos além daqui. Além desse todo confuso e doloroso. Poesia!

21 de dezembro de 2011

Quebrando sonhos
como quando abrimos os anéis de uma forte corrente
que era eu,
que chamava de alma.
Meu espírito dissonante,
se assusta com a agressividade,
com a dura realidade
que eles, contentes,
pintam em suas faxadas.

14 de dezembro de 2011

Catalisadores, por favor? Alguém capaz de alguma coisa, qualquer coisa?

Predileção, derretimento, dialética do oprimido, tensão! Algum outro contraponto?

Vertigem, catarse, metabolismo. Energias esgotadas e ainda se fala de amor, de sonho? Vegetação de mata virgem, de trilha à milhas de vida.

Por onde caminham os anjos? Ainda existirão? Vendem o restantes dos restos resultados num barbante que pendura folhas e linhas preenchidas com palavras.

Grande, homericamente deslumbrante. Onde andará a pequinez de quando santo, de quando virgem, de quando não amava?

13 de dezembro de 2011

Catarse

Não ligo que queime
Não ligo que cheire, que beba...

Há tempos não me incomodo com o que lhe permite a paz
Você precisa, meu bem!

"Realidade demais para realidade"
enquanto a chuva cai lá fora, aqui dentro você se aquece

Esse mundo, nessa loucura, é rápido demais
e vai e vem, a gente nem percebe

8 de dezembro de 2011

Rio que corre pelo rosto, maré. Existe sobre as pálpebras, peso estranho de choro, é ardência de um desejo miserável de tão grande e doce e melado.

As mãos, presas em cordões incondenáveis (palavra não existe). São leves de tão chocadas, são nuvens que assombram pedras, que carregam sonhos abortados.

Por que tão pouco, é surrealmente, inconfortável? Deveria ser assim?

Nesse quintal, os personagens são covardes demais, demais para os medos, para os sonhos, para própria coragem.

As linhas sem nexo não acalmam o surto. 220 kilowatts . O útero trinca. É mulher virgem de amor que segue com seu corpo sem rumo, com choro e sem nenhum afago.

mais um canto

O ar estava calmo, completamente parado. Enquanto ela tirava de si o cansaço do dia, margarida lhe vinha. O tempo que passou não importa, não nascem flores em terras inférteis. Fato!

Acontece que num determinado momento, essas mesmas palavras lhe vinham na cabeça, enquanto se via tamanha dissimulação e "maucaratismo" genuíno da secura de fora de si, de fora da sua ebulição, erupção.

A bondade lhe sussurrava na orelha o tom de respiração leve, de quem pede paz. Tudo vestido e inferno, sem calma, sem amor e a bondade pregando paz.

A bondade (que aqui lhe faz lembrar miséria) tocava as orelhas, como quando só é possível enquanto um corpo A se embrenha num corpo B. Era lindo, era pura bondade, mas sem ___...

As almas eram assistidas: incapazes e intocáveis. Lembrara da última vez, que o vazio fora suprimido no "aperto" do qual ousaram subentender como abraço. Era na verdade, a violenta bondade, sua outra face que dizia "não me toque, não me afague".

E foi assim, que caminhões de areia caíram sobre o broto dela. Terras inférteis descarregaram suas pragas para finalmente dizerem fim.

mais um canto

30 de novembro de 2011

Meio cheio, meio vazio

Ninguém pede que tu tenhas nome, que tu tenhas apelido, sigla ou qualquer tipo outro de elo. Era só um querer, que tu fosses constante.

Não precisarias bater à porta toda noite, assistir com este ou aquele a lua que aponta e deita lá no céu. Esse fora apenas um detalhe colado na conversa para me sentir um pouco dentro.

Dentro. Não é um vai e vem, é dentro. Tens espaço suficiente para alojar teu corpo, teu cansaço, teu nervoso. Tens tanto espaço que nunca te disseram vai, nunca te disseram fica. Mas enquanto tu somes, se enche de abismo e volta fervendo, se queimando a si, e se, se...

Voltas tão violenta do silêncio. E esta, tão densa, com cara de anjo, deixa que tu entres quando e enquanto quiser.

Tudo se codifica, decodifica no peito que te acolhe. E o resto é vazio e só, porque nem a tua inconstância é constante.

Tu tens problema de humor, de amor e de solidão. Tu não gastas nem um minuto pensando a frase, e por mais encantador e prazeroso que seja prová-la, ao te ouvir, é como um soluço: inconstante, volúvel, vulnerável, sem amor - a frase.

E o que mais aflige não é a falta de amor, é uma coisa que você tem: bondade. Ela tem nome e me abre cortes nos ombros. Me retraio, escorro por dentro, ainda não te olho (é fuga) pra você ir.

29/11/11

Quando a coisa morre, o grito sai sem receio. Se permite, se alastra e acaba.


27 de novembro de 2011

Seres vulneráveis

Senta. Não há mais nada o que fazer quanto impedi-lo ou não de entrar, ele já entrou em seu corpo. Junto, um ranger ardido e doce de quem perde a puridade, a sanidade, a castidade. É doce, e bom, mas arde o céu dos olhos. Vai e volta, faz uma curva perigosa e some na linha da estrada. Será que um dia volta? Seu ardor toca a nuca do outro que corre, corre e corre sem direção na procura de qualquer lugar mais quente, mas não tão quente quanto este que seus olhos ardentes lhe oferecem.

Foi com estes olhos de "cigana oblíqua e dissimulada" que ele foi se embrenhando na loucura, de um medo inefável que lhe atordoou a alma, a vida. O tempo todo não quisera nada mais que uma simples extensão do corpo momentânea, momentânea e espontânea. Sem continuidade. Mas ele entrou, sem querer entrar...

22 de novembro de 2011

Está levando para onde os passos não sabem o que é firmamento, o velho jogo milenar sem ganhadores. Você que brinca com meu fogo... Me impulsino e me traz no gozo, o mais incrível sonho, para fazer do meu amanhecer um vago e insano impulso. Tomo ar. Na minha miséria, permito-me definhar.

Me banho, no meu banho, com o caldo que você mesmo prepara. Me assisto chegando onde você me leva, é insano. Vejo quebrantar de forma densa, imensa, em sombras, em goles, debaixo de um céu nublado (enquanto você sorri). Mexe tanto que não sei como ficar. Não sei sorrir, o choro calo como quem fecha porta atrás de si. Tudo pulsa, e a grande maldade é ver-me pulsar só. E por mais que com a janela tu sorrias plenamente sobre mim, o sorriso não é pleno. Vejo ele tentando, por pura bondade.

Perturbo. Até sua bondade me arde. Definho. Te vejo fingindo bondade, não me queiras bem, não se negue que de tudo tenho tirado pétalas junto aos cravos.

"Se é pra viver é pra morrer, se é pra morrer, viveremos!" - Lira

(apesar que para os mes bons pecados o diabo colhe direto em meus olhos).

Se for pra cair, deita porra!

Flores não nascem em terras inférteis

16 de novembro de 2011

eu

Desenho do meu próprio fracasso, tenho nome, sou o que sou. Não sei omitir, não sei desmentir minhas crenças, sem querer, não sei não perdoar violência. Sou de vidro, sou de pó! De mão pesada e de toque leve, de calos e de sensibilidade; rio alto, me envergonho, me calo!

Só o choro que não guardo muito, o choro e mais um tantão de coisa. Tenho me visto tão mais silenciosa que em outro momento houvera sido. Não tenho mais gemido, suspiro, pedido. Não tenho prece! Eu sou eu, sem muito sonho, sem nenhuma modéstia.

Tal qual lês, tal qual cala ou pergunta. Essa sou eu, desenhada em tão curtas, mesmas e chatas palavras. Descobrindo que a dois tenho vivido meu único sonho só, eu a três tenho visto um pranto só, e que no a quatro não me cabe. Me limpo com essas palavras.

As linhas perdem forças enquanto rolo de frio na cama estreita, um destino sem espera. Me deito pó e quando acordo não sou mais nada. Essa sou eu, que se atenta à queimadura da mão,
às estrelas, aos olhos pequenos, o quadril largo, as vibrantes veias verdes da cocha. Epa! Essa não sou eu!

Passo um verniz no sonho, pra ele se conservar.
Hoje, eu.

"Dissolver o que já é só", como diria Gram"

15 de novembro de 2011

#canto_minimo

Quando assim aparecem
olhos pequenos de prece
de prece!

Quando calam e abstraem
elevam âncora, mergulham
correm!

Dentro do que fazes a si
nada muda, nada altera
continua!

Continua a cair, abismo
enquanto se fura e fere
se corta!

Toda vez, mesmo inferno
nada se transforma aqui
ciclo!

Os olhos pequenos vem
se aproximam, é medo
acuados!

De dentro pra fora, erro
mais uma tentativa falha
ilude o céu!

Continua tentando, e vai
e tenta, e faz e consegue
por segundos...

Depois é pior, mascara
segura a fachada, racha
se racha!

Tenta mais, se tenta
ainda mais, rasgando
se destrói!

Será que vês?
que cais
sem cais
sem porto
Será que vês?

Se aproxima sangrando
olhos de prece, ancorados
se racham!







14 de novembro de 2011

Coisa de mãe e coisa de filho (discordando de Freud)

Não foi feito para ter lógica, a maternidade é algo surreal. A mulher se rasga, sente dor e ainda ama depois. Alguém entende? Mas amor não basta, acontece às vezes dos santos não baterem, de mãe e filho se odiarem, de um ser o caos do outro. Nada melhor que a distância e o tempo para alcançar a maturidade nessa coisa toda de convivência.

O afastamento torna a mãe não mais mãe, torna a mãe uma paixão eterna, de quem não se vive bem longe, de quem a alma de certa forma depende e precisa, ardentemente, cuidar. É algo muito superior do que essa feia palavra "maternidade", ninguém ama por lógica, as pessoas passam a amar por necessidade de amar, porque é paixão.

E só dói quando imaginá-se o mundo sem ela, a mulher por quem você se apaixonou. A dor que entrelaça essa coisa de mãe e filho, imprime coerência e amadurece, fator que julga-se importante para a evolução humana. A melhor coisa da vida é viver, e depois de viver lembrar-se das suas aulas de teoria e vê-la totalmente ajustada à sua realidade. Freud sentiria orgulho de quem vos escreve, muita coisa faz mais sentido.

Um brinde à esperança e à Freud

Filha

13 de novembro de 2011

Phebo

Phebo é só o nome de um sabonete, no mercado hoje comprou três: um vermelho, um laranja e um verde. A cor muda, a luz da tela, a luz dos olhos, a casa em que "eu estou aqui, mas não estou". Será que estamos prontos? Será que precisamos? Nada pede sentido.

O sabonete, bom "porque não deixa a pele ensebada", disse. O sabonete e a escolha do sabonete, a diferença do cheiro. O simples sabonete muda a vida da gente! Enquanto o cd toca mais de uma vez, abre-se a cama, fecha-se a porta - muda a vida da gente!

O vinho. Tomando, de quatro em quatro dedos; em sentido orário, o mundo roda. Os problemas não deixam de existir, mas também não estão mais ali. Agora a corrente está mais calma, a sede é tratada na saliva e o frio... Frio?

No centro da terra a pupila dilata-se no rosto, arde! Quem não tem medo de quando o corpo estremece por dentro? Prazer e morte, gozo e dor! Mas especialmente hoje, a luz esteve clara, o sabonete em cheiro e escolha também novo... Os silêncios, os gemidos, os cabelos soltos, soltas.

Enfim, o sabonete. Memória, palavra, canto (enquanto cantava), Gadú e Luísa Maita... Por dentro a gente decodifica, o sabonete não é nada mas diz tudo. A gente se arde, mais uma vez; a gente vive, mais uma vez; a gente sobe e desce a ladeira de sabores, cores e cheiros, mais uma vez.

10 de novembro de 2011

No topo do viaduto, da janela pra dentro é voo. E você nem está em movimento, você de cima vê tudo em baixo parado. Somos uma grande e congistionada piada. Sem destino e sem morada. Já pensou na morte? Na vida não tem pensado.

8 de novembro de 2011

Com carinho, do tipo que não pede nada (nem palavra) em troca, para que as palavras corram livres dentro de ti

Que mesmo que ela, a garota-mulher-menina, não saiba, não queira ou não possa falar
que caiba em algum dos nossos entreolhares estranhos, a minha, a sua, prece! De mim pra ela, dela pra mim. Mim é bom. Mim aqui é nós.
Como fleches, a gente diariamente se vê como esboços de sonhos, de contas, de cálculos de desenhos nas margens da caderneta pequena que sempre carrega. Eu carrego a minha aqui, ela carrega a dela ali. São paralelos.
A gente se arde, por teias que, de uma forma ou de outra, semeiam e constroem o tom.
Por ela, escrevi pouco, uma fresta de nossa prece. Nossa prece. Olhando, os abismos de fronte se tocam, pedem paz. Fogem pra fora e depois, com quê de fragilizados, voltam novamente para si, para borbulhar. Que guarde de nós essa prece. É o que temos.

5 de novembro de 2011

Sobe! É estranho demais subir assim, pensaria depois. Assim passou, não foi rápido - pensa mesmo que até foi demorado. A sensação acontece assim por não ter costume de acontecer. Apesar de ser ruim descer, estranho foi quando subiu. Suspeitou da esmola, talvez (entre tantas perguntas) surjam ainda mais dúvidas. A vida tem se mostrado aplicada em forjar; também tivera como política de vida forjar a própria felicidade - memória de felicidade. Mas honestidade nunca faltou, veja como há clareza nas palavras, que aplicada, que expõe aquilo que é, como pensa, como sente. A veia, ela está ali, tudo está ali e tudo se percebe ali. Tudo vivo, vibra e pulsa. Como e porque? Aquela velha história de identidade, que não existe ou talve apenas esteja confusa. Mais um texto confuso, mas que cumpre seu papel: reflete!

Paira no ar, como folha. Creck. Cai (sai, quebra) do galho. Essa é a frase emblemática das últimas 24 horas. Ve-se certa honestidade, adimite nas orações (estas orações)

2 de novembro de 2011

Reta Final

Sinto que é tempo, escrevo aqui na 1ª pessoa para imprimir nesse post o início de tudo, simplesmente a primeira vez que direciono minhas energias todas e meus pensamentos para essa escolha norteadora que começo a planejar, especular.

Enquanto eu os via cantando numa ginga diferente da minha, da rima forte e rápida, do som estourando com os meus ouvidos e com a minha sensibilidade ridícula que nem eu, de casco grosso, fazia sentido ter. Eu tinha sensibilidade, e foi com a dureza das letras, tal qual a realidade que observo na rua, que aquela mesma ridícula sensibilidade foi se refinando.

O rap é a válvula, um caminho, uma forma x, não "para" periferia, mas "da" periferia. Pensando nas injustiças, da discriminação falada ou de um sonho; na minha rima e na minha ginga eu me resolvo. Inspiro um poder que sempre foi meu, mas que esteve o tempo todo preso dentro de alguma veia entupida. Varizes que vou drenar!

Quero drenar as varizes, ELES o fazem quando impulsionam os braços. ELES ardem ali, falando do bairro deles, falando do sonho deles, da luta deles contra o resto do mundo. À margem, os marginais. Sem perceber, sem pretensão, ELES tornaram-se NÓS!

Quando cantamos "Eu tenho orgulho da minha cor, do meu cabelo e do meu nariz...", também estou dizendo "Eu sou, gosto de ser, e não vai ser uma pirâmide que um estranho impôs no jornal ou qualquer canto, mais visível que meu canto, que fará eu reprovar a mim...". E segue!

Começou em um show de rap, em que eu me tornei nós. Espontaneamente, eu senti prazer! Aquilo que via era a arte que durante meus curtos 20 anos de vida tentava nomear. Foi o que derrubou ao som daquela batida meus esteriótipos. Eu decodificava tudo em poesia dentro de mim, quando surgiu a ideia de falar da poesia.

Que eu tenha fé naquilo que me sustém, naquilo que sou e 95% das pessoas não sabem que sou. A poesia, a palavra serão sempre meu verdadeiro clichê, meu esconderijo, minha verdade. Sempre foi assim. Que eu saiba extrair daqui pra frente o que eu mesma filtrei, e saiba ainda mostrar ao mundo, aos meus orientadores, aos meus próprios demônios pessimistas. Não me negarei, não terei medo. Aqui nasce meu trabalho de conclusão de curso, e já tenho meus primeiros incentivos!!!

"Tema ridículo"

E lá vou eu!

26 de outubro de 2011

Dói, finca no centro do tórax entre os pequenos seios. De ponta grossa, não vai atravessar a parede do tórax dela, vai destruir, inflamar e doer enquanto apodrece.
Todo resto não importa. O estômago vazio nada em ácido, range e ela mal percebe. É o peito quem recebe a forma de um áspero e doloroso sentimento. Mata. É um pensamento ou angústia que se materializa por dentro. Sem ar, ela discretamente geme.
Suor escorre. Dói! Maconha no universo legalizado? Não, desse estado não passa. Filtra pra si tudo quanto é energia, materializa no peito um câncer. Range, já não sonha, não sangra, não ama, não encanta. Nada mais. O ésse estridente enquanto cala. Vai se afogando no silêncio e na matéria que toma forma. Vaporiza e liquidifica uma gosma da cor do esmalte que descancou de quatro unhas. Chocolate é a cor!
Contorce e chora, o dia inteiro. No processo de materialização, o psicológico é sua ruína. Inflama cada hora mais, não se medica. Apodrece. Enquanto lê ou escreve. Enquanto olha o céu e se vê misravelmente viva, apodrecendo. Assiste a alma, primeira que se deteriora. Fincada no tórax, alma vaporizada que virou matéria no laboratório de alguém. Inflama e apododrece.

24 de outubro de 2011

e se eu me calar, pelo motivo que for, não esqueça que te amo!

Deus, que tudo se rompa de vez, que a mente não suporta. No corpo, falta o ar!
A voz está amansando, mas me rasgando estou por dentro no meu sopro. Produzo com mais facilidade, eles gostam enquanto só vejo miséria... Miséria!

Deus, que meus olhos estão em poças e eles os veem emocionados, que minhas mão estão rígidas e eles as veem agitadas. Não tenho eu alterado em nada o que entra no meu copo, o que na minha boca entra e no que meus olhos filtra. Vejo uma doença, não sei de quê!

Deus, que se eu sumisse hoje, nada me faria falta. Flagelo-me em silêncio, na verdade universal que no silêncio tudo toma maiores dimensões.

23 de outubro de 2011

Literalmente, leia-me (Para minha libertação!)

Acho que nossa amizade, essa coisa tã família que sempre tivemos,sempre foi algo que nos agarramos, tamanha segurança de ter algo tão precioso em meio ao caos que é nossa vida. Sempre fomos "eu e tu", ou "tu e eu"; o que nunca fomos foi seres separados.Tudo sempre foi tão perfeito que secretamente eu sempre me sentia "vingada", pois deus sempre me houvera dado pilares (você sempre foi vários, pra todas as horas, para todos os meus erros e acertos). Sabe como é não aceitar nada meno do que esse "tudo" que juntos sempre fomos? Então...
Não lembro quando "tudo" ruiu pela primeira vez, o que eu disse, o que você disse. Não lembro, recordo do dia que comíamos, eu ria e você não. Eu TE perguntava e você pedia, para alguém que não estava presente,te salvar. Lembro quando você disse "criações diferentes" enquanto comentávamos a situação do japonês. Lembro quando você me ligou e eu fiquei muda, quando eu comecei a me sentir no meio de uma guerra tentando me esconder da minha própria e inevitável mágoa, e todo o resto se afastando de mim.
Eu tentei o silêncio, a falta de atenção, tentei tudo que trouxesse de volta o "tudo inteiro" que eu sentia falta, que não se dividia, que era nós. Lembro que chorei ao ver a guerra. Sim, era guerra. Quando eu via um jogo de fragilidade, daqueles que estavam do meu lado e me disseram para mandar você para o inferno ou entender tudo como uma crise; vi um outro jogo, do nosso antigo lado, quando a nossa distância virou brecha para que outros se aproximassem de você.
Lembro de ontem, quando você chegou e ignorou minha presença, depois, um olhar indiferente enquanto eu falava. O meu tudo simplesmente não existia, uma coisa sem nome, sem diálogo, sem preocupação nos tornou duas: eu me tornei suevelin e você se tornou ...
Sempre tentei me aproximar, não inflamar a guerra, não estancar o sangue e sim deixar ele ir para onde ele quisesse. Pra mim nunca houve distância, incorporei uma coisa chamada "mágoa" pra dentro de mim, por não ver você lutar pelo nosso tudo, mesmo quando a mágoa, visivelmente me consumia na sua frente.
Entendo que as diferenças e os gostos adversos existam, que o tempo e as companhias nos distancie em algumas casa, mas nada pior que a indiferença.
Não vou mais dizer de mim, o que eu queria, o que estou sentindo agora... Tudo está claro, assim como quando uma coisa de valor cai no chão e a gente corre para pegar, não adianta se consumir por dentro, ou pensar pra si, assim ou assado. Eu me camuflo de dor, de mágoa explícita que você nunca me questionou. Por mais que eu quisesse,
nossos amigos já não são os mesmos. Eu te pergunto, quem se preocupou em sentar com a gente e dizer "vamos resolver a situação"? Não me lembro de ninguém, além delas duas que vieram falar comigo hoje, que te viram chorando... E o resto? Onde estão os nossos amigos que assistem a tudo isso? Será que a guerra e a perda são só minhas?
Será que você lembra quem eu sou? Meus calos são visíveis, os motivos...? Já te bati ou impedi de alguma maneira de falar o que acontece ou o que pensa ou simplesmente não vale a pena pra ti?
Como pode ver, esse foi meu máximo. Não consigo mais virar a página se estão todas furadas. Para isso não existe reserva, ou você luta pelo o que quer ou deixa ir! Te olhando nos olhos vi que você não está no eixo também. Abandonar o "isso" curso é um reflexo da sua falta de forças, não estou julgando, mas me parece que você está fazendo o mesmo comigo. Não sou perfeita, mas quando foi que você quis me ajudar? Você criou uma reserva,um amigo imaginário, está escrevendo para pessoas desconhecidas, falando com a doutora? Essa perguntas me cabem? Também não sei.
Quando você tropeçou e pensou sobre isso? Não pode viver de surtos psicológicos controlados por uma análise que você mesma faz para se moderar. Lembrando do seu rosto penso se vai adiantar isso tudo, meus dedos doem, meus olhos também. São mais de 4 mil caracteres pra dizer que te amo, que vejo tudo desabando e em cacos por todos os lados.
Hoje infelizmente não sou mais do que essas palavras, sinceras e solitárias. Sou uma ilha. Não queria ser essa ilha. Queria apenas desdobrar a minha mágoa com você, conversando, mudar essa sensação triste que tenho quando nos falamos, ou quando nos calamos. A rima foi espontânea. Boa noite.

(um e-mail que flui, a lágrima que decodifica a alma, eu decodifico na palavra!)

20 de outubro de 2011

Chão, Parede e Teto

Para firmar os pés? Para pregar e reter a memória ou para garantir que o peso da cabeça não é nada que está a cair do teto? Tens um teto?
Disse que queria apenas um punhado de terra, um punhado de terra com um cercado. Um cercado branco, mais nada. Mais nenhum detalhe, só faltava ainda proteger a grama. O chapisco branco de tinta que não podia deixar tocar a grama tão perfeita!
Enquanto gira fora de órbita, fora de eixo, fora de forma segura; sem formatação. Enquanto se perde em insanidade, em idade, desejo e o mundo real - um chão, uma parede e um teto -, concretude! E mesmo visualizando tudo o que lhe seria necessário, tudo fora do lugar. Impossível a concretude, a compreensão. O chão, a parede e o teto, o que serão? Sem respostas, porque de tanta porcaria (e lindeza que tem) ninguém sabe o que é isso que se precisa em baixo, do lado e em cima!

18 de outubro de 2011

Suevelin é... É?

Sou escrita, quase não sou humana! Falar é pouco, no verso é que sou de verdade. Na prosa me deixo, me acho e simplesmente vivo nas linhas. Na minha posição vertical eu suporto, na palavra , grito. Nos meus livros, nos meus cadernos eu sou por inteira, nos meus papéis picados eu me acho; resto me perco, tragédia e comédia da vida que deveria apenas estar num papel.

16 de outubro de 2011

Vê-se aqui um pranto fadigado, cujo caldo grosso em ilimitável capacidade de explicação, demostra no silencio longo entre um soluço e outro todos os sentires sendo inevitavelmente fatiados... Vemos desse lá de cá, muita água caindo do céu, tudo em ruíndo por dentro. Cai com a frente intocada, triste vocação do sentimento espelido de forma pura e silenciosa.

9 de outubro de 2011

SAIBAS...

Criar uma caixa
armazená-la em seu interior
nela exigir e guardar:

a presença de coisas boas
lembranças que inspirem ESPERANÇA

Mágoas, verdades e verdades
Reserva
São paredes de bloqueio

Vejamos aqueles, ou aquele
ou ele
ou você mesmo...
Vejamos que à volta existe tanta sombra!

Então jogue luz, jogue luz
Estamos TODOS debaixo desse céu, não estamos?
Não ignore fingindo não ver os superficiais, que calejados,
se resguardam e saem com seus estilingues pelas ruas...

Saibas criar, guardar, zelar e dividir sua caixa
:)


5 de outubro de 2011

Que essas palavras me livrem de um mundo real que exista lá fora, que minhas palavras me livrem de mim mesma. Que a dor seja menor que outrora imaginei aguentar.
Que meus olhos enlouqueçam de vez e alcancem de vez a esperança utópica. Que eu pare de dizer que essa vida não dará em nada, sabendo tomar uma forte para me alienar.
Que eu não confie nem em mim, na minha tristeza, no meu soluço que sufoco todos os dias quando abro a porta da minha casa e vejo a brisa dizendo que é hora da luta.
Que a vida não me seja mais uma luta, que não doa a hora que abro os olhos na minha cama pela manhã, quando desligo o chuveiro, quando acordo de um breve sonho no ônibus ou quando chego ao terminal Ana Rosa e fico parada olhando o farol. Que essa falta de habitação não me caiba mais.
Que as velas não faltem, já que as luzes tem (falhado).

Amor pra ninguém reparar!

Quem há de negar?
Os passos solitários, desregrados
Ora rápidos, ora lentos
O segredo da alma virgem
Pura de alma pura, pura alma.
Quem há de negar
O peito que arde incessantemente
O amor que lhe tomou cada órgão
Que saiu do papel.
Os corpos não verticalizaram
O encontro não durou mais um dia
Um segredo, uma migalha.
E quem há de negar amor a si mesmo
Se os olhos ardem quando sua brisa bate
Que as mãos suam quando a presença chega
Que o coração dispara ao lembrar o cheiro.
Nada mais puro que a palpitação no peito
O sorriso amarelo que tenta controlar a respiração ofegante
O olhar, este que parece tão violento
Intenso!
(Da janela pra fora tudo pode virar uma paixão)
Da porta pra dentro um silêncio que acalenta
Que viola a paz de quem ama
Que afaga com gelo quem deseja
E dias nascem, e dias morrem
Deslumbro silencio diariamente
Guardado por um laço calado
Estocado
Miudinho
Amor pra ninguém reparar.

26 de setembro de 2011

desenho de ambiente

Amorfo! Transeuntes que assustada olho por não me cumprimentarem. A luz é baixa, quase azul; não muda parecendo que o responsável técnico esqueceu de sua função.
Parece uma grande avenida; não existem faróis, não me lembro de carros ou prédios. Lembro apensa de faixas de pedestres. Vejo pessoas atravessando o tempo todo como cruzamentos.
Insólito.
Vejo de dentro mas estou de fora, sinto angústia.Meu corpo arde! Não ouço som, não existe cheiro.
Não me vejo, apenas enxergo os outros passantes que atravessam a faixa determinados. Ainda não me vejo.
O tempo é cinza com nuvens que deixam do céu escapar alguns poucos raios. Não tenho minha própria sensação térmica.
Penso se teria eu morrido em alguma rua próxima, mas não, não seria possível. Ninguém ali manifestava sequer uma percepção instintiva do som de ambulância ou alarde.
A sensação é de conhecer todas as pessoas, mas nenhuma delas me reconhece ou me vê... Percebo que não tenho voz, que não tenho forma...
Terei eu morrido? Enlouqueci?
Meu ambiente.


24 de setembro de 2011

Fracasso é quando...

Você não tem nenhuma cerca para se proteger da ignorância alheia
Quando não é possível nenhuma barreira
Quando a dor vira costumeira e não é notada mais!

Mas é também

Quando temos que lembrar o que somos
Quando isso incomoda
Quando te interfere o maltrato alheio...

Texto ridículo, um outro fracasso!
Um estado de hibernação de quem vaga
vagando sem direção num espremido espaço:
Coração e Mente. Suam, tristemente sufocam!

Alma machucada, sensação eterna de fracasso.


10 de setembro de 2011

O que é a vista senão a película da alma?



Tudo era mar, lembro que nadava afundando bem a cabeça. Meus olhos permaneciam abertos sem entender nada, mas uma sensação de contentamento pairava no meu ar.
Lembro que me faltava o ar, estava totalmente submersa me afogando no gosto doce da água de mar.
A água foi cristalizando, perdendo força, solidificando. Eu, que não queria dar nome, vi o insolúvel tomar forma. O insolúvel vi começar a descer à terra enquanto inutilmente tentava segurar.
Foi assim que o mar que eu nadava cristalizou e se quebrou em tantos pedaços que não sei (não consigo, não tenho como) contar. Tiro da minha própria pele umas lascas, já nem dói.
Agora sim os braços estão moles, entendo que existem etapas que se repetem, e repetem e re-repetem para nos "amortecer" de todo o resto. Amadurecendo a gente aprende a sofrer por si mesmo, mais ninguém.
Mesmo que os cristais se quebrem e se espalhem, se os unir no futuro voltam a ser o mar que outrora me fez feliz.

(06/09/11)

6 de setembro de 2011

A Nega

A nega é forte, tem o cabelo duro mais bonito que se vê pelas ruas de São Paulo. A nega faz as unhas e sai aos bares para fazer revolução.

Mãe de si mesma, incapaz de esconder as belezas que Deus lhe deu. A nega é forte e doce, a nega é bruta e doce!

Têm os olhos mais bonitos, os mais molhados, ardentes e sensíveis que já vi. O olhar da nega não se detém nos muros...

A nega fala alto, discute amor, sexo e retrocesso; a nega rega as rosas sem querer o compromisso de amanhã cedo o fazer. Ela não quer colher, a nega na verdade não quer esperar para colher!

A nega não quer muita coisa, sem querer acaba tendo... Do sorriso da moça, o sorriso do moço e as minhas palavras.

A raça da nega é boa, não é preta e não é branca; ela é puramente o alvoroço da vida de hoje, da “filhadaputagem” de ser tudo isso e não querer ser porra nenhuma.

Mas ela é!

3 de setembro de 2011

Ciranda do amor

Essa não é a primeira por aqui, mas o ridículo desabafo seria a única salvação para meu naufrágio. Vejo meus olhos se afundarem numa banheira de hotel, eu choro! A pele arrepia de tanta tristeza, alguém no universo entende? Começo a achar que isto não é uma transição, uma crise talvez; o fato é que os fatos me fatiaram em forma de nitrato de pó de bosta, ou seja: nada do nada!

Essa estúpida brincadeira que eu não aceitei, jogo maldito que caí, tropecei e que alguns chamam de amor. Se falo dessa coisa tão desgraçada, tão inútil, ou melhor, útil para minha degradação. Vejo as minhas barreiras caírem, meu falso estado, minha necessidade de desabafo...

Cretina, repudio a mim mesma, porque caí na dança em que não existe outro jogador, e se exitisse seria mulher como eu, mas o estoque está em falta (os vinhos acabaram).

Mas não nego que estou me cuidando, estou me assistindo. Aos que dizem que sou idiota por não aproveitar as coisas boas, mas a adversa ciranda não se permite ser esquecida.

Dói, sabe o que isso significa? Dói profundamente, ontem mesmo dei uma discreta olhada do 2º andar, lembrei de "DEUS" e tentei me distrair, agora lembro que olhei de novo...

Eu nado sem sair do lugar, meu corpo está cansado! Eu ainda estou tentando nessa ciranda que me entristece quando a correria acalma, vejo o quanto o sangue é bombeado com violência... Amar é isso, aqui na minha casa as coisas estão todas fora do lugar.


Lótus Céu

30 de agosto de 2011

#partiu!

Ao mesmo tempo que tudo vem se partindo no meio, ela também se vai... Em exercício de eterna, ou melhor, plena reflexão! Tudo pede isso, a falta de tempo, a falta de forma (ou forma, como as de bolo). No conflito, na dúvida, na adversidade. Fuga não, pausa para repensar e pôr os móveis no lugar, dessa vez entre uma segunda confusão.... Brasília me aguarda nessa retirada, com frio na barriga e prece: Por ordem, aqui dentro e lá fora!

21 de agosto de 2011

Os dentes rangem, ela está sobrecarregada de silêncio e espasmos: Ela sofre!
Anda balangando a cabeça, se embriagando das pílulas lícitas que matam a alma, mas que permitem-na alienar-se e sustentar a armadura.
Ela sofre condecorando o fracasso do dia de hoje, de não ser capaz de tirar do peito a sensação de incapacidade de se fazer feliz, de roubar de um verso qualquer um fragmento de felicidade.

O grafite falou comigo!


20 de agosto de 2011

Recuar

Instigado pelo livro, o pobre diabo foi crer em suas próprias escolhas.

Caminhou até a porta, abriu-a delicadamente e olhou com vista terna o novo cômodo; pelo ar que corria doce e perfumado. Olhava detalhadamente cada canto, cada papel na parede, cada enfeite dos móveis tentando provar do gosto que o ambiente tinha.
Um longo tempo: fotografou todo pó, o tipo de luz do ambiente, o cheiro e as ações das almas presentes. Ele era um estudioso naquela hora, debruçado sobre o desejo de sua pobre curiosidade.
Com a vista tocava cada superfície, os olhos emaranhados quase molhavam o chão bonito, azulejado como num quarto de mulher. A porta com trinco, a janela sem cortina. A mesa, o armário, o banco e as roupas num canto; falavam de um outro jeito de ser.
Se pudesse, ele comeria cada móvel para entender aquela plenitude, até o ar ele comeria se possível o fosse. A plenitude era simplesmente um novo cômodo existente, ele apreciava o novo! Mas ali, também era morada de outros corpos habitados por milhares de demônios. E a porta com tranca, que no centro da porta trancava o mundo foi "acionado", e ele obrigado fora a sair.
O desejo dele feria, porque desejo fere! O cheiro dele, o olhar que filtrava por inteiro o cômodo e incomodava os demônios (certos, racionais e reservados para si). Instigado pelo livro, e por sua intensidade (talvez do olhar deslumbrado) foi gretado, sem que saiba dizer como ou o porquê além desses especulados.
Hoje o livro instiga-o à recuar, mas sua memória fotográfica e sensitiva o prende. A ordem é "recuar", mas ele não serve seus demônios (certos, racionais e reservados para si).

17 de agosto de 2011

Puta!

Que subiu no carro, no primeiro carro, sem saber se dinheiro haveria de ter ou se dinheiro ainda iria dever.
A puta, que despiu seu amor de si, que transvestiu prazer e fingiu não ver que doía. Que tocou a carne, que viu vagar a alma e de nenhum remorso se serviu.
Puta! Mais que qualquer prostituta; sã, consciente, intolerável. Sem eu, sem deus, um amor ou tom.
Desgraçada puta foste, intrigada não ouvistes a si, ao espírito ou à seu próprio corpo. Puta, que morde o canto dos lábios, os faz sangrar e não os percebe jorrar sobre os pés.
Puta essa, que ao fechar os olhos não vê nada além do que sombra de árvores, chão e terra para se imaginar sendo tragada. Puta! Puta! Puta!
Incapaz de um gesto maior, que se prende no casulo, que preferiu domar sozinha seus demônios e acabar queimar... pelos olhos, pelo peito, pela carne, pelo espírito já morto.
Puta, que morreu, que não foi (e se ficou foi por incapacidade de ir). Não tem morada, tem esconderijo; não tem amor, tem caprichos.
Puta! Que não se vende, que não se põe nem como mercadoria. Puta, que entra em qualquer carro, em qualquer vida... Sem pressa, sem calma, sem culpa por "nada", nada que és.

13 de agosto de 2011

Cortando novas águas

Ferindo ondas, desenhando círculos e tocando o ar
Melindrosamente veio!
Com mão firme, olhar entorpecido, pele úmida e ar doce
Se fez água, invadiu vias, guias, veias...
Veio como imenso mar em pequenino corpo.

4 de agosto de 2011

Profusão

Ao estilo Barroco, em que a mistura acontece em suas vertentes opostas
Não conflitam, se contrapõem: rima num cômodo!
Uma arte recente que torna nosso corpo novelo, um no outro
que ninguém assina e é tão íntima, característica.
Leve, suave e intensa...

Leia-se rápida ou lenta
Se lê, como poesia que é
como pecado, como crime de tanta beleza

Dos opostos nasce o ato
como o encontro das ondas ao mar
tocando levemente a areia
tocando brutalmente a areia...

O som é baixo, ora mudo
perturbador, incontrolável.
O olhar doce, decodificava a atmosfera
já não era inverno...
Estava um tempo novo, mas ninguém dizia nada
atrevimento? Pra que dar nome?

(Uma "Grosseria doce"
Um "Corpo de menina, traços de mulher")

A arte, aquilo que se vive
olhando, tocando sentindo...
É o encontro! É os opostos que se unem
um muito que diz-se um todo, inexplicável!

Ninguém sabe explicar nada
enquanto tudo parece fora do chão
No ar, sentidos flutuam
almas, sonhos, desejos se chocam: Uma trama!

A rima é capaz na profusão...
E no cômodo que habita, o ar que corria mais agitado
doce palpável, chamei de moldura
mesmo sabendo que a arte não precisa dela.





3 de agosto de 2011

Atim!

Desculpa! "Magina"! Pressa! Vinho! Luz! Olhos. Vendo... Dois abertos. Dois fechados. Tv. Intenso. Cheiro. Tato. Para. Gole. Copo... Depois... Garrafa! Gosto. Doce. Cheiro. Tom. Macio. Intenso. Puro. Receio... ZERO! Cachos. Piercing. Tatuagem. Roupas... ZERO! Cócegas... Humor. Poesia. Gosto. Prazer. Espirro. Amanhã... Zero! Tudo. Dois. Um. Mais. Pescoço. Marcas. Manhã. Olhares. Amanhã. Feliz. Depois? Dúvida? Bom... Agora. Ontem? "Sensacional"!

Estive, habitei
ali também...
me habitaram!

Feliz aqui dentro

1 de agosto de 2011

Quando a crença volta a tornar-se um problema...

A palavra está soldada na sua testa, é como se você não tivesse mais escolhas a fazer: é isso e pronto! Enquanto você caminha um número de pessoas te rotula com solda; você pode ir, com dificuldade foge... Quando volta -porque isso também pode, eles te soldam duas, três, quatro vezes
para ter certeza que irá ficar! Uma forma discreta de sufocamento se desenvolve, um pouco mais de solda... Você vai ou fica? De repente, quando você é "predestinado" à escolha o amor deixa de ser genuíno, uma nuvenzinha paira sobre, enegrece. E o que era para ser luz...

À cada Candidato

Não existe uma visão unilateral. A vida é isso, você é isso, não tem jeito. Caminhar ao lado de pessoas progressistas dói mais, você tenta ignorar a angústia interna -algo desesperador para quem lembra de pensar na própria alma.
Existem os dramas cotidianos, variante de pessoa à pessoa; algo como um destino já esboçado que lhe permite compreender porque alguns são tão simples e outros são tão camuflados dentro de si mesmos, perdidos. As peças precisam ser diferentes para que se encaixem, não seria mundo se tudo fosse igual, as perguntas não seriam necessárias e o nosso grande segredo seria o contentamento (já declarado em nossas caras chatas, todas iguais).
Não digas também, bem-aventurado ou coitado, mas é fato que muitos pequenos (ou espremidos por dentro) chegam no forte, mas e o saldo? Sempre haverá alguém selecionando, estaremos sempre sujeitos à aprovações de alguns que podem preferir os candidatos que chegam, que pegam, que tocam, que falam com mais facilidade.
Eles levarão em conta seus olhos fundos, sua mão cortada, seus cabelos maltratados, sua estrada cheia de atalhos, seus recomeços... Bom seria agora um discurso otimista que fizesse desse texto uma ode à esperança, mas quem diz, pensa ou esboça isso sabe que será reprovado. Existe uma realidade que se esconde dos nossos olhos, que vivemos ou em que nos fazemos de cegos progressistas. "A gente vive" e finge não viver, mas tem uma hora que a refração de luz não ajuda e essas muitas palavras emboladas se obrigam a fazer sentido.

29 de julho de 2011

Um conto pornográfico

Pena que nosso conservadorismo prenda nossos contos pornográficos aos amigos mais íntimos, os que já sabemos INCENSURÁVEIS... Um dia publicarei um dos meus, porque é óbvio que todos tem o seu (ou os seus), alguns presos na mente, outros na gaveta...

28 de julho de 2011

Emendo de palavras

o
mínimo
máximo
de
comunicação
dentro
dessa
caixa
sou
pedra
enraizada
arraigada
a
um
silêncio
pobre
sem
nenhuma
beleza
naquilo
que
é

27 de julho de 2011

Enquanto se observava hoje pela manhã, pelas últimas 20 horas de corpo e mente ativa... Se viu diferente, como viu também todos os móveis e todas as paredes diferentes. Estava muda, não falava; depois de reparar o silêncio se viu de fora pra dentro olhando para tudo tão confuso, como era atordoante a mente da personagem que usava em vida, sendo eletrocutada diversas vezes e ainda sim, muda! Ela se reconheceu como um canto, um canto no sentido "espaço, ocupação"; inabitada! Por nada e por ninguém, um choque seco, frio e calado a olhar a vida.
Eram 9:30 quando ela viu aquele céu lindo, e ela triste. O sabia lindo mas não o sentia como sempre foi; intocado (por ela)!
Hoje ela era só mais um canto, no sentido "espaço, ocupação"... Porque inúmeras vezes a gente para a olhar a vida e não entende nenhum motivo e não encontra nenhum sentido. É tempo de recolhimento, de observação e rascunhos; tempo de re-desmontar blocos para reorganizar cômodos, para reviver alma e re-habitar vida.

25 de julho de 2011

Pessoas

Quando você atravessar a rua, olhe o outro lado; por você, por mais ninguém. Parece o início de um ridículo discurso narcisista, mas não será... Em alguma hora você olha para fora do teu corpo, para acusar um outro corpo ou para se apoiar em outro corpo. Vejam mais do que sua vista alta vê hoje, veja que você é mais um.
Veja que muitos -de tanto pensarem em si só- olham para o outros, pois garantindo no outro e investindo no outro acreditam estarem vivendo para si. Creio que não seja verdade. São pessoas que fazem o contraste da vida alheia de ponte, e acredite, isso está tão perto de cada um de nós que somos humanos que nem o discurso mais fantástico, ou o filme mais realista me faria pensar o contrário.
Sabe o que é ter a necessidade de ter mais, de ser mais, de aproveitar mais? Sabes? Queres? E como buscas? Em algo, em alguém de alguma forma! Uns de maneira mais honesta, outros menos; somos um todo em que cada um se prende à um pedaço-corpo, à uma felicidade-outra, uma fé-outra. Esse é o desenho colorido para quem tem medo e busca inebriar-se no desespero ou bote salva-vidas alheio. Tem outros, milhares de outros que não querem nada além de apagar um outro que ficou pra traz, mas que mexe na poeira de lá de traz... Existem tantos, acho que nem se percebem existentes!
A nossa realidade não é um filme de terror, mas também não é um conto de felicidade. É importante observarmos o que cruza nossa estrada; as pessoas, os sentimentos mais diversos, nossos atos. Essas palavras hoje tão confusas, no futuro podem fazer mais sentido; para os mais "íntimos" farão algum sentido -não sei-, mas também já não tenho medo de saber!
Viver tem sido entender que nem tudo faz sentido agora, que algumas coisas irão para o lugar, outras não irão e outras nem saberão seu lugar... Pensar por aqui é tão bom quanto sentar no bar e conversar com uma amiga enquanto toca música boa. Estamos presos na prática diária: a minha pode ser essa, a sua pode ser qualquer outra... A tentativa inconsciente de não-rotina pode tornar-se a rotina mais descarada na vida de uma pessoa! Essa sensação de agora diz que foi dito o que era para dizer: à mim mesma e a qualquer outra pessoa que tenha a curiosidade, porque nessa vida ninguém é inerte de nada, passamos o tempo todo saciando as nossas vontades. Saciada a minha fora!

*1° depois de Como esquecer

23 de julho de 2011

Da mãe...

Na cabeça dela, o que deve passar agora? Com certeza deve estar a sentir-se um fracasso, porque não foi nada disso que planejou nos últimos 18 anos de sua vida de 41! Está um silêncio aqui, fico a lembrar da cabeça baixa quando saiu ; muito que falava -e repetiu várias vezes- era para não esquecer as portas e janelas abertas. Estava incomodada, eu sei... Como se ela tivesse tirando os grilhões, e que sua ida significava claramente em nossa feição a promessa silenciosa de paz. Até os vizinhos mais íntimos olhavam e sorriam em tom de ironia. De repente doeu novamente, era como se ela estivesse saindo perdida mundo a fora, sem calçadas ou canteiros... "É preciso ir pra poder voltar". Sim, é preciso pra encontrar o eixo certo, localizar o norte e se deixar guiar pelo amor; assumir por si seus erros... Cada um reconhecerá o seu, enquanto isso deixo uma janelona aberta pra mulher que me ensinou muita coisa que eu posso ou não ser, sendo simplesmente ela: confusa, tranqueira, e acima de tudo aquilo que nunca terei como mudar, sendo minha mãe.

Te amo.

22 de julho de 2011

Casa que fica vazia...

é casa que pede móveis novos, mobília de sonhos novos! É espaço livre para uma nova fase, uma nova etapa que começa com paredes pedindo três mãos de tinta... Somos quatro, o que garante tudo muito bem executado.
Somos hoje inteira esperança, já que agora garantimos um espaço livre em nossas vidas sempre tão espremidas. Agora tudo está mais leve (e mais bagunçado também, porque...)

Saem quatro, entra dois + dois = 4 mais felizes

20 de julho de 2011

Para aquilo que inspira confiança...

Um abraço forte, palavras doces e todo tipo de cuidado que és capaz de dar! Aproveitando minha pequena capacidade de amar: todo meu carinho pra quem me inspira vida em tempos de encruzilhada.
Gosto das neuróticas, das esquisitas e das mais bonitas (é claro). Engraçado que às vezes basta uma afirmação com a cabeça e tudo fica perfeito... Agora me sinto menos sozinha, bem menos desde o último post

:)

Meu bauzinho :)

É através desse universo que venho tentando salvar o resto que eles tem deixado de mim, um amontoado de pó cristalino, como cacos de algo que era em outro momento valioso - a minha paz!
Todos sabem o que tenho plantado, poucos sabem o que tenho colhido. Tenho quilos... Decodifico, reduzo tudo a amor. Só tive forças para isso até hoje, criei um sistema que me permite respirar - com certa dificuldade, mas que ainda me permite acreditar no que sou.
Tenho recebido pancadas violentas, de palavras, de descargos alheios, de problemas alheios, de medos e insuficiência de outros; tenho suportado além da minha fraqueza, a fraqueza de outros.
Penso que mesmo morrendo hoje, morreria bem; tentei ser em tudo um pouco sincera, até com os meus demônios tentei a paz, tentei o não-rancor, a não-mágoa, o não-ódio. Tenho tentado, tenho me permitido sangrar só e não carregar ninguém comigo!
Luto com suas fúrias, com suas feras; não tenho tempo de alimentar as minhas, passo o resto do tempo regando um canteiro de flores, na esperança de algo mais doce nesse chão que piso. Como se na linha central do meu corpo houvesse um rasgo, de ponta à ponta... mesmo com tudo e por tudo, ainda tento.
Talvez isso explique o meu extremismo nas coisas, diante dessa minha luta cega, esse meu desespero cego, esse meu refletir, esse meu falar, esse meu amor...
CEGOS!

19 de julho de 2011

Orgulho era o problema dela, mas ela se cura dele e cura a outra também!

Não adianta correr do arraigado, daquilo que mantém seus olhos abertos, daquilo que te faz ser o que é! O tempo amadurece a casca e o orgulho fica em segundo plano, é quando a raíz vira mais que uma veia que suga... É como quando as ondas se unem naquele mar lindo que alguns observam pela manhã, com gosto de esperança. Amadurecem na esperança de ser mais do que hoje e são, deixam de pensar em si para pensar mais nos outros.


17 de julho de 2011

Aquilo que ninguém está vendo

Situações adversas, sempre novas; pesam como tijolos sobre a sua cabeça. Era para você ser um balão, talvez você seja um balão: um balão amarrado à um tijolo áspero e pesado, por isso você não flutua, meu bem.
Realmente, hoje o mundo parece ser olhado de baixo pra cima; você não está numa cadeira baixa, você não está senão presa dentro de si mesma, na gaiola que um dia te falaram, na gaiola que você acreditava ser apenas timidez.
Nada vês, nada crês, já não sente mais! Quando sente um curto segundo, que dura meio, precisa de horas para se recompôr. Ninguém vive bem sendo intenso até no "bom dia" que dá. Quem dá ouro não espera senão ouro de troco, mas acontece que essa cidade está pobre e a praça do seu coração, abandonada.
E a mente confusa, o corpo sedento e as mão nos bolsos... Braços e pernas se cruzam, silêncio e gemido; mente conturbada. Não é possível conviver, não é certo, não é de quem lhe diz! Impulso que te rasga, te leva e depois te mói no último fio. Você escorre como vomito pelo ralo.

Aquilo que ninguém precisa ver!

Somos únicos, solitários no mundo; somos treinados, estamos o tempo todo sob o aguardo de aprovações, mas nunca chegamos a lugar nenhum. A vida é uma roda que gira, rola, quica, voa, desliza de um lado ao outro para lugar nenhum. Por isso, estamos sós o tempo todo, e mesmo quando gritamos para o mundo não existe um único ser que entenda nossa solidão.



A rua sem lua iluminou então seu Caos

Esquinas de gozo
de desejo
Esquinas de amor

És augusta, me gusta
me ilustra
então, me prende

Eles brilhavam
enquanto subiam,
mortos desciam

E na volta
vinham apagados
não mais brilhavam...


Esquinas de gozo
de desejo
Esquinas de amor

És augusta, me gusta
me ilustra
então, me prende

No farol dos carros
olhava
o contraste dos olhos

Quando assim
brutalmente tocavam
se pertenciam



Esquinas de gozo
de desejo
Esquinas de amor

És augusta, me gusta
me ilustra
então, me prende!
A rua sem lua
iluminou então
seu Caos


15 de julho de 2011

Sabe o que é amor?

Sabe o que é amor?
Sabe o que é, amor? ...

Que meus sonhos um dia se tornem realidade, e que certa energia negativa de alguns se torne amor: porque o amor nos torna grandes e bons, sem precisar de palavras ou revoluções!

Amor pra você que passou pra dar uma olhada: curta oração, amor!
Amor, para você amor!

12 de julho de 2011

"Não, deixa!"

Essa foi a última mensagem de Lins quando nada mais fazia sentido, já havia caminhado por todos os canteiros e terrenos; em 24 horas sua mente permitiu que provasse das possibilidade todas que lhe foram especuladas. Primeiro, não por ela, mas por quem lhe chamava lá pra fora... Não inspirava segurança, expirava a necessidade de segurança para o castelinho de cristal trincado.
Lins tinha pouco mais de 20 anos, era pouco mais que uma mulher vestida de interrogações que nunca decifrou, mas que aprendeu a conviver! Um hoje, então mulher que disse não conseguir dividir seu presente com o passado.
Ela sempre diz que ama, nunca acontece certo o amor. Ficava pensando que se odiasse ou negasse à tudo talvez algo finalmente desse certo. Voltou ao passado, lembrou de cada gota expelida enquanto franzia a testa; lembrou do flagelamento de outrora e concluiu que negar-se mais uma vez a si mesmo não daria certo - não seria suportável!
Seu aparelhinho, sem teclas com uma borracha dura que deformava a ponta dos dedos lhe permitiu sair do chão por alguns sms, por alguns minutos. Disse que "o silêncio mata", e como mata os nervos ouriçados que depois de alguns gratuitos 20 torpedos (senão bem mais) sem resposta. Como veria quem está do outro lado desse aparelho tão miúdo, tão barato, tão descartável e tão insuficiente -dizendo do amor de Lins nos conjuntos de palavras enviadas?
Talvez, de tão trincado do outro lado nem entenderia - pensava Lins! Nem Lins sabia, não sabia nem se era anjo ou ninfa -como saberia de qualquer coisa fora de si? Mas de fato, já queria. Tudo aconteceu quando as palavras confirmavam 'o sim'; ora tímidos, ora fragilizados, ora ardentes, ora perturbados... Mas depois de dito para Lins era o mesmo que vestido, compenetrado, incutindo desejos que o próprio título, o próprio sms em negação rejeita.
E como humano (a) que é, por trás do "fake Lins" um anjo ou uma ninfa dorme dizendo não com sim, um misto do querer daquilo que não é seu. E o que sabe? Que não pode pegar aquilo que não é seu...

"Não, deixa!"

(porque você não é minha) - Pensou Lins.

11 de julho de 2011

Um dia seremos capazes de sentir menos do que hoje sentimos

"Ela precisa de um tempo pra si"
pra si um tempo
Aqui, um tempo daqui
de tudo, contudo
uma margem?
uma passagem?
Ela quer contentamento
preencher
Ter, uma certeza entre duas dúvidas
Ela precisa pensar em si
mas não sabe
Mas não tem como, nem onde, nem quem!

10 de julho de 2011

Revolução silenciosa

Acontece, tece, envolve e eclode discretamente pelos poros! Pelos cachos, pelas barras, pelas alças; a busca de um desfecho! Desordenado flui, descontrolado desdobra, desamarra o nó e estica a corda que ata. Dói!
Estreito, relevo de um chão chapiscado, uma parede grafitada com guache branco. Um muro cinza recebendo um soco auto-expressivo, auto-reflexivo, auto-eu. Um rabisco, um risco, um perigo para dois olhos que não planejam nada além de uma boa fotografia que indique "profundidade".
Profundidade, sentir, acreditar e apostar! Plenitude, amplitude, certezas! Um conjunto de passos que consigam garantir a linha do corpo reta: sem remendos, sem ataduras, sem cômodos escuros - sem becos.
De dentro pra fora uma fresta, o corpo busca uma nova linguagem - um novo jeito, novo meio, um novo! A busca começou quando o porta retratos, empoeirado, inocupado, caiu da prateleira em cima da cabeça que ardia em brasas. Por dentro, uma orquestra particular, instrumentos estridentes e desconhecidos... Sentidos a valsar sonhos e segredos de segurança e morte: VIDA! Pede, implora, suplica e bebe (de cada sensação um gole), eis o homem, eis a mulher...
Degustando cada palavra, a mente cede espaço para o querer da alma. Degusta cada palavra, degusta cada palavra... Se ouve, se sente e enfim acontece a tal da revolução.

8 de julho de 2011

Ao meu caro leitor (a) das 3:00am

Meu norte anda um pouco complicado, meu sul e leste não existem; estou sufocando no meu centro fora de órbita!
Acredito que ninguém mais me entenda, ouvi ontem (e hoje) que não devemos esperar nada de ninguém. Será que eu tenho esperado? Acho que você, como silencioso que é deve me entender mais que minhas assíduas companhias... Estou numa zona de conflito que contrasta a realidade de todos que se achegam, sou reagente (está dando para entender?).
Tudo me causa coisas, sensações estranhas; vejo tudo ampliado, duplicado, multiplicado! Tirei minhas roupas do armário, meus calçados, meus porquês; a sacola está pesada para carregar. O peso de nossas escolhas, de minhas escolhas. Pensei um dia que nunca chegaria a escolher nada, mas depois de ler Sartre decidi que não existiria o "meu Muro", existiria só os muros lá de fora - que não meus!
Acho que a loucura vai caindo na normalidade, não quero que isso aconteça! Avalio meu saldo diário quando releio meus sms, é desesperador... Tudo torna à anormalidade, eu nunca estive na linha... Aqui não existe normalidade meu cara leitor, aqui existe só uma mulher tentando abrir e fechar portas... sem direção!

3 de julho de 2011

Alcance

O que pode doer mais que não poder salvar aqueles que estão à beira do penhasco? Chorando, prefiro acreditar que é necessário ela cair, e ver que é humana, que vai doer e vai se rasgar, mas que ainda vai viver (por um minuto depois da queda ao menos), só para ter a certeza de que sim, é humana!
Esteve fora do nosso alcance esses anos todos provar à ela que não poderia "nos salvar" do mundo, que precisávamos furar a bolha que ela nos enfiou; que seria melhor para cada um de nós. E de repente, vemos ela seguindo... Sem se ver tão errada, e acredito que talvez nunca perceba (ou se arrependa) dos erros que cometeu à si mesma. Ela não é feliz, percebemos pela agressividade, pelo desespero que a acompanha desde o momento que pisa o primeiro pé fora da cama para lavar o rosto. Sinto culpa às vezes, penso que minhas palavras podiam ser mais doces com ela, mas não ouve nada doce que venha de mim; parece gostar de me ver "arregalar os olhos". É isso que me diz quando brigamos, que eu "arregalo os olhos", mas também só vê isso, não compreende nenhuma de minhas palavras. Com ela me sinto tão inútil, tão incapaz de mudar qualquer coisa no mundo, porque nem a coisa que eu mais amo nesse mundo pude salvar... Agora vai embora, e o que eu consegui fazer para ajudá-la? Escrever essas úmidas palavras (sabendo que ela nunca vai ler).
Eu vejo o penhasco, tento não deixar minha voz trêmula para que não reparem no meu rosto. Eu vejo ela ir, daqui não sei mais para onde vai, também não sei mais como fico... Tão sem alcance, de nada.

Os sinos tocam...

tem um ritmo, lento num tom bucólico te chamando pra fora; quer lhe dizer que é hora. Dia de festa, você não estará lá... Você não quer, lembra? Lembra que os contos fazem parte da vida real e você também escolheu mudar o enredo...

Os sinos tocam nas bocas dos que cantam o encurtamento das horas, a sua distância e as suas mazelas. Hoje, você ouve os sinos, por quem? Por você ou por eles que os fazem tocar? Os sinos, que avisam que é hora, que é noite, que é puro, que você não está lá - observando ele tocar!
Se estivesse mais feliz não seria você mesma, seria o que eles queriam que você fosse. Vejam-na, sob efeito de não ouví-lo, de não tocá-lo, ou por apenas imaginar o seu ir e vir estridente que ganha tom na mente atordoada...

Crise, é isso que seu som invisível avisa. Existe um espaço oco pedindo para ser preenchido, por flores e versos, mais nada. Existem espaços que a vaidade sem máscaras não preenche. Ela gritou:

"Venham, mascaradas mas venham, para que eu não me rasgue a pele e os ossos; para que eu esteja sobre efeito de algo, para que eu esteja além do que esse que hoje estou. Com nojo do próprio cheiro e do tom do sino maldito que atordoa minha mente, preferia estar surdo a ter que continuar a ouví-lo".

2 de julho de 2011

Deixem-me!

Deem à ela o direito de um grito de liberdade!
Uma porta de saída, uma brecha, uma fresta, um escape!
Deem à ela uma porta, talvez até janela, pois se não ver o mar terá ao menos visto lagoa
Deem à ela um sorriso menos doloroso, um analgésico entorpecente, uma paz ligeira
Deem à ela ou só permitam que ela use e desuse uma vez sua vida, sua própria vida suspensa
[suas neuras plantadas por demônios ditos anjos....
Deixem-na gritar uma vez, rasgar com cacos o sangue pisado dos pés

(deixem-na sangrar)

Permitam que ela toque os cães que lhe dão medo para que ela vença o receio guardado em si, ou deixe ela ser devorada por dentes caninos, mas deixem-na.
Tudo emaranhado em névoa, cachos castanhos hoje com 30 centímetros

Ela, por inteira frágil.
Deixem-na!
Deixem-me!

25 de junho de 2011

Oração (estilo reality show)

Queria testar a fé, só por isso também. Nem se deu o trabalho de ajoelhar (por que precisaria, se por dentro estava tão revoltada?), deitou rápido na cama e se enrolou nas duas cobertas. Expirou um pouco mais intensamente, estava de certa forma nervosa.
Era como ver a vida toda apregoada de desgraça e maledicência, muita maledicência. Blocos caindo um a um, mesmo sendo a única confiante na justiça que vem das sublimes e tão sagradas nuvens.
Não demorou muito, trincava os dentes; os pelos do corpo todos arrepiados enquanto ela pensava nos últimos quatro meses. Antes que pensasse mais fez uma rápida prece (se é que era): por aquilo que carregava no peito, pelos de perto e por aqueles de mais longe. Não lembro de tê-la visto fazendo o sinal da cruz, nem falando amém, nem se virando na cama (como faz sempre, até achar uma posição cômoda e dormir).
Inspirou, expirou (profundamente); cobriu os ombros e ficou olhando um bom tempo para o teto. Acho que pensava em desistir de tentar fazer aquilo novamente, afinal, nada havia mudado (ou os ateus de plantão estavam lhe 'emprestando' dúvidas?).

Quando não faz sentido pratica isso, nada parece mudar! Justificando assim os suicidas, os depressivos, os mortos, "os vivos". Faltam muitas respostas para essas almas.


24 de junho de 2011

Flores ao mar!

Como sempre: violento. O mar é uma costura de ondas sem linhas, com cem homens e cem mil sereias que navegam a vida inteira águas desconhecidas. São encantos e desencantos, e quando os homens acabam, restam apenas sereias... Sereias não entendem de flores, de ramos, de apego e de terra firme. Não sabem (e nunca vão saber) porque essa é a vida, e elas, de outra atmosfera! Elas vivem contos de amor, submersas em águas violentas, violentadas por homens (rudes, cheios de regras). Ninguém se vê sereia, mas todas são. Por encanto e desencanto: sereias choram. Sereias se afogam em águas, em suas próprias águas... Porque sereias não gostam de homens, são mulheres que choram sempre por serem sereias, são aos teus olhos, apenas flores ao mar.

22 de junho de 2011

Na 1ª pessoa (5) - Kriptonita

Você cabe aqui dentro, com seus infinitos demônios e anjos (quando te chamo), porque de alguma maneira te abri uma porta que não sei como fechar, não agora!
Bate um vento suave às vezes, que hora me enfraquece, hora me envaidece de ser e ouvir aquilo que vês em mim...

É uma estranha montanha russa, e eu sempre tive medo de altura - você sabe (você viu antes de te contar). Me assusta sua capacidade quase ávida de me desvendar nas palavras (não sei se queres, mas o faz de maneira que me encanto pela raiva que me causa).

Me causa tanta coisa, e quando vejo já sou um resultado seu; quando vejo estou falando e gesticulando como uma louca na sua frente! Sua grosseria me traz risos, não me acanho- sinto esquentar e esfriar e reesquentar...

Você, sem perceber me dá a liberdade de criar loucuras, com a desculpa de que preciso viver.

Tento me enganar, fingindo me resguardar de um encanto, mas é impossível! Na minha confusão, na minha estranheza as palavras revelam o encantamento, do tipo que sente dor e prazer no mesmo tempo...
A gente descobre que a pele sensível encontra outra pele sensível, elas se chocam e ardem desesperadamente. Lá fora está tudo em desordem, aqui dentro as portas abertas abrigam seus infinitos "eus" enquanto nossa loucura se cumprimenta sem nenhum beijo.

É tudo à minha maneira, que também duvido que exista... Te olho com uma muralha do tamanho do mundo, acredito que nunca vou passar por ela: E mais eu quero, e mais me apoiam (meu próprio querer e meu próprio medo).

Kriptonita...

Até meus fios de cabelo mudaram em nossa realidade impactante, que me enfraquece e me põe na ponta de um penhasco. Paixão é palavra pouca, pequena pra dizer, o medo me move...
Sem perceber, sem racionar (porque não faço mais isso, tudo é instinto) eu caminho praí!

18 de junho de 2011

O Outono trouxe...

...
Sombras:
para algumas árvores

Cantigas:
aos novos enamorados

Acolhimento:
para os híbridos desconsolados...

O Outono trouxe o que aquele de antes não trouxe, uma cor púrpura na boca dos desenhos;

luz para ver o branco do olho negro, negro no meio do rosto de um antigo segredo!

Luz e tom, som e devaneio!
Outono trouxe um novo paradoxo: um sentido contraditório para nosso senso comum
Uma poeira que faz arder os olhos, um novo conflito que ainda não se diz a que veio!
Outono veio com um QUE de porquê, de usura, de depois de depois...

Outono veio dançando flores no chão, veio fantasiando as mentes, levando e trazendo gente!

Levantou então o queixo, sentiu certa estranheza mas fingiu não notar... Essa tal atmosfera que se cria, de uma forma tão proporcional à equação que a equação propõe.
Brincando com a mente das pessoas O Outono é a estrada-limite da temperatura interna e externa, entre verão e inverno divide um sorriso e um soluço...

Podemos chamar então, vulnerabilidade?
Outono trouxe isso e mais um pouco daquilo que ainda não deu para entender.

16 de junho de 2011

Na 1ª pessoa (4) - Pela bagatela do seu sorriso...

eu me fiz aí! Me vês como estou ou apenas estou?

Sinto como se estivesse em outra atmosfera, irônica, displicente com futuro e tão encantadora... Minha estrada de flores, que enfeito com palavras e fé de que se pode sorrir livremente nesse mundo.
Sou um miúdo, com miúdo sonho, miúdo desejo. Sacio perspectivas ao contá-las, não chego a consumir quase nenhuma.
Por hora, acho linda a incidência de luz e sombra pelos cômodos da casa, refletem discretamente a alma daquele que abre a janela.
No silêncio mora meu conforto (tem morado), na piada erótica meu humor verdadeiro transparece. Uma mente vadia, que não se prende a nada, que não quer nada - quer tudo!
Dentro desse cubo simplista, dessa margem floreada por mim. Não procuro um espelho para me refletir, procuro gente para dividir minhas miudezas infantis, ainda puras, carentes...

Faço e vivo isso, pela bagatela de um sorriso, sorriso meu e de meus anjos


13 de junho de 2011

Ciranda do Amor

Esvoaçar:
Levantar voo
Agitar-se
Felicidade:
Muito
Pouco
Nada!
Vontade:
Coragem
Medo
Intensidade:
Força
Violência
Dor
Prazer:
Interno
Contínuo
Vício
Tênue:
Leve
Frágil
Fraco


É uma verdadeira ciranda, ida e vinda sincopada como samba. Te faz dançar, chorar, faz rir;
é como droga, como êxtase!
Acontece de dentro pra fora, ninguém impede, barra ou coreografa...
amor é como suspender a alma e amputar o cérebro.

12 de junho de 2011

Pessoas que se impressionam com facilidade são:

Na maioria das vezes, vítimas de decepções inconsoláveis causadas pela fé em demasia; são cães que pensam farejar bem, mas que na verdade andam sobre um monte de cacos, sangrando por todos os poros e repudiando a si mesmo.

Quase sempre lhes bastam apenas um cheiro ou um detalhe, o encantamento acontece e o resto a purpurina garante! Um recorte, um retrato, alguns versos, olhares e desperdício de fé...

Acontece que o mundo não é feito de recortes, não é num pedaço que alguém escolheu que tudo será explicado, esclarecido e entregue puramente à razão do todo!
Um colírio que seu suor produz, expelindo o estranhamento na urina e tornando ao vomito que tem gosto de pimenta de amendoim boliviana.
Pessoas que se impressionam com facilidade temem muito, e de tanto temerem passam a não temer nada; a querer tudo, dar tudo, pedir tudo, esperar e chamar tudo. Se perdem...

A fé em demasia... Ridiculamente clichê em sua poética não entendem o que é ser homem, mulher; que viver é rasgar ou sangrar. Viver é um parto diário, de risco sempre: De matar, morrer ou nascer.
De ser bom, de querer mau, de desejar, de odiar. Plantar e arrancar...

Deslumbrar é então pecado! Impressionar é então pecado!

O parto diário compreende experiências que TODOS estão sujeitos, então impressionar-se por um detalhe pode ser como acreditar num feto que se aborta no dia que se cansa, não seria?
Seria abortar a si mesmo! Aborto coletivo... aborto!

Pessoas que se impressionam apegam-se a detalhes em constante transformação, em partos alheios (de fetos que nascem ou morrem), deixando se levar junto deles (ao céu, ao sangue, ao infinito...)
Deslumbramento é quase um prelúdio de morte!



8 de junho de 2011

Na 1ª Pessoa (3) - "Politicamente Correta"

Primeiro que não sou, segundo que não quero ser! Das coisas que minha mãe ensinou, as que mais lembro são: "não roube, não mate, trabalhe e arrume um marido". Essa última foi a mais latente, mas não arrumei.
Nunca soube ser "correta" como eles pedem e esperam que eu seja! Sou na verdade o avesso do que deveria; cantoria de louca, escrevo como louca e para loucos - sou, estou e procuro o direito de ser eu sem precisar dizer se estou sendo "politicamente correta".
Minha mente é um rio violento, minhas veias saltando nas mãos e nos pés mostram a força do vento.
Nunca quis assumir meus vazios, mesmo quando falava deles, o tempo todo quis praticar o desapego de minhas mágoas, mas vejo hoje que não consegui...
Agradeço ao céu por isso, afinal, essa é a condição humana, estou sendo normal em escrever tais palavras, visto que não se recebe manual para viver na terra de gigantes.
Não tenho ódio deles, eles para mim são gigantes que mandam nas terras, mas ainda sim não limitam minhas palavras...
Gosto de escrever quando meu corpo pede, fico tentando descobrir o que me arde e onde está a ponte que me dará motivos de transcrever minhas sensações dando espaço para que um outro leia-me.
Já falei que não sou "politicamente correta", se o fosse não escreveria na 1ª pessoa, não postaria nesse canto. Se eu fosse "politicamente correta" pararia na 1ª página azul (estou na 3ª), mas não sinto vontade de parar agora.
Ser isso, que eu escrevo e releio, é como partilhar o que sou comigo mesma. Deixo que os meus sentimentos corram livremente, sem censuras; transcrevo-os, releio todos para me entender (o que de fato, funciona) e me sinto aliviada.
Depois, releio tudo novamente; cheia de sede e vontade de preenchimento. Grifo alguns trechos, constato meu isolamento do mundo, e quando vejo que para mim isso fez sentido: publico no blog...
Não é "politicamente correto", deveria estar lendo o caderno de economia, escrevendo lides, vendo mapas, estudando história e aprendendo a falar inglês (deveria mesmo?)...
Mas não sou "politicamente correta", por isso encho de vírgulas meus textos, escrevo livremente de forma conotativa, acrescento segredos e excluo fatalidades. Faço isto a minha forma sabendo que a consequência é ser censurada, muitas vezes por mim mesma.
Meus livros, a minha lista é curta como minhas pernas; meu conhecimento de política é curto como meu sobrenome.
Sofri muito (e ainda sofro) por agir assim, tão diferente, e mesmo que não julgada como "não politicamente correta": diferente!

Essa é a hora que eu respiro, com sorte alguém lê, por milagre alguém entende. Não quero nada além de mim, minha produção é egoísta como eu, narcisista em alguma coisa na vida, tentando resgatar meus valores de individualidade!

*Eu, no Parelheiros lotado às 23hs, dia 7 de junho...

7 de junho de 2011

Na 1ª pessoa (2)

Os vidros embaçados, os riscos e os traços dos dedos que os arranharam de gastura. Suor no rosto e no corpo todo, hora faz frio, hora faz calor; hora faz frio e calor no mesmo corpo.
Agora, a ponta dos dedos estão quentes como brasas, como gravetos que incendeiam-se em tamanha ânsia em faiscar.
Os músculos das mãos parecem falar, parecem querer algo ainda fora de alcance
As pernas cruzadas, rígidas de regras sociais que as ensinaram, de controle que tenta exercer...
Os braços se articulam delicadamente, tocam outros corpos e a permitem respirar mais de seu próprio calor.
Como se finalmente abrisse as portas que rangem, a luz entra por todo batente que cai; para que janelas se já houvera escancarado a porta?
A fala, o gesto das mãos, os olhos que já não se abaixam mais!
Que não lhe seja dado nome, que seja puramente isso. Nem para um nem para outro, que nem todos vejam o que também pouco importa. Leve como folha que cai de árvore, ardente como chama de fogueira, límpida como o ar que não se vê!

Entender? Para que entender aquilo que está em constante transformação?

O prelúdio acontece sempre, não se faz ou projeta, ele acontece! Enquanto isso os ossos alarguessem, a maçã do rosto toma forma, coisas arredondam outras se esticam; o sonho das asas acabam, as fábulas...
A melhor parte é ver, é enxergar-se no espaço e ver que você é o grande agente da sua vida; que a liberdade se pratica todos os dias, a paixão pelas coisas, o brilho, a penumbra...
Eles brilham diferente hoje, tem mais vida esses olhos, e dizem que este é mais um prelúdio do que vem...

30 de maio de 2011

As panelas...

estão vazias...

O arroz é pouco para alimentar as seis bocas. O quilo, comprado na conta da mercearia Três Irmãos, foi 4 reais.
O feijão é do norte, uns vizinhos que foram visitar um parente doente voltaram da Bahia e deram dois quilos de presente!

"Quero mais não". Isso a boca fala enquanto cala a fome, mente não perceber a existência da fome, porque sabe! Todos já tiraram sua medida e as panelas estão vazias.
Como se não houvesse a fome que há, toma um copo de água e deita na cama!
É triste, porque a fome não mata rápido; a cobrança na correspondência, a pendência, a maledicência que se faz de si mesmo. Um horror da realidade tão crua, não cozida, assada em tijolo baiano no quintal da casa sem gás.
A luz é gato, a água é gato, a fome é fera que rasga do menino menor ao pai de família- humilhado! Parece uma regra, segue "certa" todo o mês. A mesma pendência, a mesma fome, a mesma vergonha! A mesma sensação de máquina da unidade fabril, produzindo para o seu senhor.

Uma vida de miséria, calçada de lama, vestida de farrapos como quem veio de inúmeras guerras. O chão, batido de cimento tem buracos feios; a geladeira é completamente branca, sem o colorido das verduras, das cartelas vermelhinhas em forma de coração, sem leite... O armário sem pão, a mesa sem ninguém.
A vergonha mora na cara dos seis; a pobreza, a miséria, a tristeza. A tristeza que nem a farsa da novela das nove consegue abater! Tristeza, porque quando cada um nasceu alguém colocou a placa: Fome!
Se tentam? Sim, eles tentam arrancá-la. Mesmo com a panela vazia, com a mesa sem pratos, sem muita coisa pra enfeitar a casa eles forram tapetes coloridos que ganham nos aniversários. Plantam algumas mudas no fundo do quintal, abrem sempre a janela para entrar um raio de sol.

Quem para no portãozinho da casa, de ferro sem pintura e sem cadeado, não ouve um só riso ou uma só lamuria. Eles moram ali, e com eles as panelas vazias e um silêncio que inexplicavelmente mata junto da fome a alma de cada um deles. Não viemos aqui pra isso, isso não é normal, isso que se quer é menor do que o direito de existir!
menor do que o direito de existir

22 de maio de 2011

INTERAÇÃO

Eis a tela e eis as palavras, pingadas e antes redigidas em uma página azul da agenda
Eis a pergunta: O que vês? Por quê vês? De onde vês? Como vês?
Ler é um ato tão particular, analisar, debochar, questionar... O que fazes?
E para não esquecer-te das flores - se é que um dia lembrou, deixo lhe duas:

Uma para tocar, espalhar nas palmas. Outra para observá-la, por ser digna e merecedora de admiração

(Porque, ver é interagir)

Gabriel

Gabriel...

Antes de ser Gabriel ele era a válvula se escape perfeita que sozinha havia inventado.
Forte, de bom humor, solícito, bom amante para as noites da semana, bom rapaz para os almoços de domingo com a família; sedento - sobretudo!
Gabriel, tal qual o nome: um anjo em formato "arranjo de mesa", versátil, de maneira que servia de "arranjo de porta", mochila e contra capa de agenda.
Fala doce, o suficiente para ser ouvida como cântico em um silêncio estridente; também calmo e passível o suficiente para ser calado.
Pensava, lia, escrevia... Tinha paladar para arte e culturas em transição. Compreendia bem as alterações de língua, voz, tom e corpo. Agia como um anjo no momento de forma a poetizar a tempestade.

Era como uma criação de Deus, mas era na verdade um elemento da cegueira. Por que, onde estará Gabriel agora, desde as linhas anteriores?
Em algum dos mundos ele não existe, se não no papel, real, caneta ou nesta tela, não saberemos.

Gabriel