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12 de junho de 2011

Pessoas que se impressionam com facilidade são:

Na maioria das vezes, vítimas de decepções inconsoláveis causadas pela fé em demasia; são cães que pensam farejar bem, mas que na verdade andam sobre um monte de cacos, sangrando por todos os poros e repudiando a si mesmo.

Quase sempre lhes bastam apenas um cheiro ou um detalhe, o encantamento acontece e o resto a purpurina garante! Um recorte, um retrato, alguns versos, olhares e desperdício de fé...

Acontece que o mundo não é feito de recortes, não é num pedaço que alguém escolheu que tudo será explicado, esclarecido e entregue puramente à razão do todo!
Um colírio que seu suor produz, expelindo o estranhamento na urina e tornando ao vomito que tem gosto de pimenta de amendoim boliviana.
Pessoas que se impressionam com facilidade temem muito, e de tanto temerem passam a não temer nada; a querer tudo, dar tudo, pedir tudo, esperar e chamar tudo. Se perdem...

A fé em demasia... Ridiculamente clichê em sua poética não entendem o que é ser homem, mulher; que viver é rasgar ou sangrar. Viver é um parto diário, de risco sempre: De matar, morrer ou nascer.
De ser bom, de querer mau, de desejar, de odiar. Plantar e arrancar...

Deslumbrar é então pecado! Impressionar é então pecado!

O parto diário compreende experiências que TODOS estão sujeitos, então impressionar-se por um detalhe pode ser como acreditar num feto que se aborta no dia que se cansa, não seria?
Seria abortar a si mesmo! Aborto coletivo... aborto!

Pessoas que se impressionam apegam-se a detalhes em constante transformação, em partos alheios (de fetos que nascem ou morrem), deixando se levar junto deles (ao céu, ao sangue, ao infinito...)
Deslumbramento é quase um prelúdio de morte!



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