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30 de janeiro de 2015

Limbo

Eu penso dois, você joga um
Eu rio, você resmunga
Eu falo da beleza do mar, você mergulha e afunda
Eu olho pra lua, você seca e abraça a garrafa.
Eu choro, você ri
Eu falo, você dá as costas
Eu sou eu, você sumiu.

Eu penso dois, você joga um
Eu divido, você reparte e separa
Eu planejo, você toca o barco
Eu me mostro, você muda
Eu atravesso a cidade, você cansa de mim
Enquanto sorrio você fecha a cara.

Sem equilíbrio, meu barco é o que vira e se reparte no mar. As minhas gotas na maré rasa e o meu silêncio.

Você fica, agora sou eu que vou.

*Do peso que já passou.

3 de janeiro de 2015

Tela de rotação ativa, a onda bate e separa no sal os diferentes lados de uma mesma face, eu.
Um mergulho talvez seja um caminho mais oportuno, mais terra, menos onda.
O verde imenso como a colina alta na direção norte do litoral. Será mesmo que assim encontro meu lugar?
Fim de temporada, caminho, distância e consciência.  Talvez exista uma parada logo à frente, talvez essas braçadas que fazem cansar enquanto procuro o fundo da terra renda algum menor absurdo.  Mais ar, menos afogamento.
Por um caminho novo que apenas olhar as ondas baste, onde se aprenda deixar as conchas sem carregá-las pra casa. Que a memória tenha o seu lugar.
Há um grande abismo entre o alcançado e o almejado, mas das vezes que meu pensamento acompanhou meu passo e minha tranquilidade, aprendi que do mar infinito nada físico se carrega pra casa. O mar sempre será o lugar das conchas. Deixe-as todas lá.
De todas as coisas não tenho em nenhuma manhã ou tarde de sol abandonado o que sou. Não tenho me alterado por ócio. Pois enquanto a brisa e o silêncio reinam, descubro que meu verdadeiro ócio é aquele que encontro lá no mais profundo, o resto é sacola plástica atirada no mar - que suja e assusta, mais nada.