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16 de novembro de 2011

eu

Desenho do meu próprio fracasso, tenho nome, sou o que sou. Não sei omitir, não sei desmentir minhas crenças, sem querer, não sei não perdoar violência. Sou de vidro, sou de pó! De mão pesada e de toque leve, de calos e de sensibilidade; rio alto, me envergonho, me calo!

Só o choro que não guardo muito, o choro e mais um tantão de coisa. Tenho me visto tão mais silenciosa que em outro momento houvera sido. Não tenho mais gemido, suspiro, pedido. Não tenho prece! Eu sou eu, sem muito sonho, sem nenhuma modéstia.

Tal qual lês, tal qual cala ou pergunta. Essa sou eu, desenhada em tão curtas, mesmas e chatas palavras. Descobrindo que a dois tenho vivido meu único sonho só, eu a três tenho visto um pranto só, e que no a quatro não me cabe. Me limpo com essas palavras.

As linhas perdem forças enquanto rolo de frio na cama estreita, um destino sem espera. Me deito pó e quando acordo não sou mais nada. Essa sou eu, que se atenta à queimadura da mão,
às estrelas, aos olhos pequenos, o quadril largo, as vibrantes veias verdes da cocha. Epa! Essa não sou eu!

Passo um verniz no sonho, pra ele se conservar.
Hoje, eu.

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