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18 de agosto de 2013

O caderno e o livro verde

Será porquê e será como que a vida brinca tanto com a gente? No dia e no sonho, a existência dança vestida de viajante que tumultua tudo sem nenhuma função, sem momento de ficar, só partir. Que sentido tem os sonhos, a vida, os velhos personagens?

Só sei agora que conheci um lugar em que o verde era verde bonito, e a água era amarelinha - desbotando a cor das rochas e montanhas que de lá, eu com minha Marília, conseguia ver. Onde foram aqueles dias? Será porquê a vida, essa mistura de tempos e gostos, e sentidos e sonhos?

Será porquê a vida é isso? Essa roda de bicicleta, de pneu de carro que gira até gastar? E só, mais nada? Onde mora, nessa noite estranha, o varal que estende a mim essas respostas? O pingo do cano que não cessa nunca a sensação dos sonhos traiçoeiros que tomam a vida da gente enquanto a existência quer só existir concreta?

Vestindo branco, o abraço do sonho. É essa a inquietação, o grito daqui. Estava viajando, e no meio de tudo, o abraço magro de quem o sonho havia deixado magro. De quem não me deixam falar, de quem iniciou-me o eu a se ver no espelho do mundo, de quem a gratidão me pulsa em momentos como este. Eu silencio, que o silêncio é que nos une.

Talvez aquele relógio no cetro da sala ainda exista para contar de tudo bem mais que os sonhos, as surpresas do empurra-empurra da cptm. O porta-velas vinho, o pote de vidro, a forma de cachorro, o cartão de casamento, o amor-carinho. O caderno e o livro verde.

Talvez, esteja eu com a essência comprometida, mas se não é a dramaticidade que me clama, o silêncio é quem compõe os laços e os nós. Talvez um pouco mais de tempo resolva, acontecem tantas coisas e somente ela me centraliza o sopro, a inquietação.

Já rendeu tanta dor, e hoje é tão bonito aqui dentro. Essa coisa de mundo e vida, que eu dispenso para ter caderno e livro verde na mente, flutuando pensamentos descomprometidos. Dia desses enlouqueço, e de mais lúcido somente esse aqui. /Meu silêncio que tanto amo, agora nos sonhos.


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