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1 de junho de 2015

Claridade

Quem bate à porta não quer mais do que já sabem todos os moradores do condomínio. Deixar entrar. Não quer quem entra, só quer deixar passar e consumir com poeira o chão da sala, o café na toalha da mesa, a cama de hospital (expressão alheia reproduzida sem identificação).

Silenciar, fumacear. Fumacear e beber água, muita água. Escritório de palavras, tetos, pedaços de fixações nos detalhes do canto da casa. A vista abrangente de uma janela que nas noites se trancam de medo.

Spray de cheiro desconhecido para despistar nas frestas. Fumaceado o ar.

Onde colocar meu rosto? Como segurar os dedos, o teto repleto de objetos delicados pendentes? Quantos outros já bateram à esta porta antes desta mais nova chegada? Onde estarão todos dentro daquele claro rosto? Claridade...

Abranda, cutuca, estimula. Ri tanto, transfere o tom, o som, o vento, a brisa. Me consome.
Autocontrole.

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