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11 de fevereiro de 2012

Suscetível

As árvores, a divisão da palavra e o abismo inteiro suspenso em uma frase do Oswald de Andrade, que era nós. Pensei que o tempo, onde ele estava podia ficar pra sempre. Nem sei se muito por mim ou por ela que encostou no banco da praça, e docemente me olhou escorada no encosto do banco da praça. Quase em mim, nua eu estava. E vi, quão só me sentia, e quão bem e acomodada em seu sotaque eu estava. O melhor flerte que já me permitiram.

Esqueci de uma das casas que a paixão me ocupa, lembrei do que era me sentir fielmente dividindo as minhas dores, minhas dúvidas.


Eu não ria assim, não me distraía assim. O tempo foi fechando e mais os meus olhos iam curiar aquela alma, e quando vi já era o tempo de entender nada em mim. Se entrei pra dentro de mim por ela, ou se me coloquei pra fora para ficar ao lado dela, não sei. Só ficou macio, até o meu olhar, macio.

Paro o texto, sinto o cheiro do rapaz que passou na calçada do bar. Lembro da minha casa dolorida, de que não posso mais habitar e de que abandoná-la está sendo veladamente doloroso.

Uma gota que escorreu do primeiro copo de cerveja, caiu na perna dela. E na perna reparei, nos olhos e no discreto par de seios. Calei meus olhos e falei com as energias que ficaram aqui. Ali no ato, já queria estar dentro dela, acalmar tudo e fazer dali um laboratório de sonhos novos. Quis ter a palavra inspiradora que fizesse sentir-se amada, um pouco mais feliz.

Agradável ela se fez e existiu em mim. A chuva e os carros, passavam e paravam no sinal vermelho na rua do bar. Vermelha boca, chuva e isso lindo, é o que me resta.

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