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24 de maio de 2014

Apesar das marcas, frágil como um bebê recém-nascido



Depois que ela disse não me amar mais, o mais lindo perdeu seu sentido, e nenhuma outra palavra (maior ou menor) caberia. Como se o grandioso mar se recolhesse, apenas eu e a areia da praia ficou ali.

Perguntei-me: É possível? Mas já não importaria mais, se fruto de uma cobrança minha, ou se distração sua. A ausência de amor petrifica, e foi assim que entrou a minha última madrugada de sábado.
Depois de horas chorando como uma criança, não achei portas ou saídas. Tudo está dado. O fim de um amor, que em gesto dizia nunca ter fim.
No plano terreno, onde precisava firmar meus pés eu me fiz em cacos. A minha estrela de luz tirada pilha, guardada agora em caixa de coisas antigas. Vejo você escolhendo sair pela porta.
Nesse mundo tão cruel, como podemos dizer adeus às coisas que chamamos de belas? Quem sou eu nessa história, me pergunto. Tudo é silêncio e mais nada. Eu me recolho no centro do quarto, me olho no espelho para ver se ainda estou aqui. Choro, essa é a única consistência que tenho: sou água vazando. Mais nada.
O fim justifica tudo, desta forma, o fim sem sentido subtrai tudo o que a natureza me deu de mais belo, o passado inconsistente se desfaz, não sobra, tudo some.
Talvez, se a vida não se apresentasse dessa forma tudo em mim poderia ser diferente. No fundo, eu sempre quis dividir o que eu sou, e sou exatamente isso.
O choro de um mundo sensível e sem sentido.
Fora de mim, nada é meu. O barulho da geladeira foi o que sobrou, mas nem isso é meu.
Sempre tive medo, mas hoje, com toda certeza, posso dizer que tiraram de mim o apelo da crença. As abstrações mais lindas, nem a lembrança posso tocar. O fim justifica tudo. O final anula o começo. O amor na é areia que some. E se o que tenho some, isto nunca foi amor. Mesmo que seja apenas o caso de não conhecê-lo, hoje eu posso mudar meu discurso, e dizer segura de tudo: o amor não existe.

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