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25 de junho de 2014

Espalhar

Foi isso o feito. Espalhar. Em cada ombro, em cada soluço, em cada encolhida. Desmontar o corpo sobre o mundo. Sofrer pra dentro e vazar para fora. Não era só choro. Era tudo que vazava, a falta de força, uma tábua ao mar boiando no meio do nada.

Vai ficando ainda mais insuportável a espera, à deriva. E não sendo a fúria sua casa, o que seria então? Onde mora aquele amor que vai hoje martelando pedaço por pedaço, se pergunta. O que seria além de nós? Do nosso egoísmo? Da nossa dor?

Uma fábrica de desmonte instalada nessa morada,  enquanto ela se aprisiona. Lamento, procura, lamento. Será que tudo prende? O que detém o mais puro diante da dor do outro, o cuidado?

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